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[Hibisco Roxo] Semana #7

Agora é reta final! Na próxima semana, vamos até o fim do livro. Dá dor no coração nos despedir de Hibisco Roxo, mas precisamos confessar: está quase impossível segurar o ritmo nessas páginas finais!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O descontrole de Papa marcou essa última leitura. E, desta vez, a vítima não foi somente Mama. Kambili também sentiu a violência e a intolerância do pai. Depois de flagrar ela e o irmão admirando o retrato do avô, Papa dá uma surra que leva a menina ao hospital em estado grave.

Sempre depois de cometer suas atrocidades, Eugene tem lampejos de preocupação:

O rosto de Papa estava próximo do meu. Tão perto que seu nariz quase tocou o meu, mas mesmo assim vi que seus olhos estavam mansos, que ele falava e chorava ao mesmo tempo.

– Minha filha preciosa. Nada vai acontecer com você. Minha filha preciosa.

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[Resenha] Seminário dos Ratos

Você nunca termina um conto da Lygia Fagundes Telles e já sabe de cara o que pensar. Ou pelo menos não os reunidos em Seminário dos Ratos. Como escreveu o crítico Antonio Dimas no posfácio de Antes do Baile Verde, Lygia nos deixa sempre um filetinho de sangue escorrendo.

Nada muito profundo, mas o suficiente para incomodar, na hora e por extenso tempo, cravadas na memória. O suficiente para se lembrar de que, nas próximas vezes, você não deve se aproximar tão desguarnecido e confiante, porque o bote pode vir, quanto menos se espera, não se sabe de onde”.

Eu não me aproximei desguarnecida, embora esse tenha sido o primeiro livro da Lygia que li. Sei que isso não deveria ser dito assim, abertamente, em público, mas já havia ensaiado ler As Meninas inúmeras vezes e nunca passava da cena em que elas estão jogando conversa fora no quarto, logo no começo (já falei desse problema aqui).

Com os contos (e uns bons anos de distância da tentativa fracassada anteriormente) foi mais fácil, mas não menos impactante. Não é à toa que Lygia foi indicada pela União Brasileira de Escritores (UBE) para o prêmio Nobel de literatura deste ano. Em Seminários dos Ratos, de 1977, a autora, que fez 93 anos nesta semana, adota múltiplos pontos de vista, alterna entre fluxo de consciência e diálogo, entre passado e presente, tudo isso sem nunca perder o tom.

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Eu visito livrarias

Eu visito livrarias. É isso mesmo: ir à livraria para mim é mais do que sair para fazer uma compra, é um programa de lazer, é turismo. Lógico que, dificilmente, saio de lá sem uma sacolinha que seja, mas consigo passar horas andando pelos corredores, admirando as estantes, tentando entender sua organização (que às vezes não existe) e lendo orelhas de livro ao acaso.

Gosto de livrarias grandes, pela variedade que podem oferecer, mas tenho um carinho especial pelas livrarias pequenas. Vocês se lembram do filme Mensagem para Você?, com Tom Hanks e Meg Ryan? Pois bem, eu sou do tipo que prefere a loja da Kathleen, que é pequena e de bairro, à megalivraria de Joe Fox.

Me parece que o ambiente e a seleção de títulos nas livrarias menores tendem a ser mais acolhedores e interessantes. Acho que há um toque pessoal do dono nas escolhas dos livros que estão nas prateleiras e na organização. Pode ser que eu esteja imaginando tudo isso, mas se eu tivesse um pequeno negócio desse tipo, seria assim.

No entanto, para visitar livrarias é preciso ser um leitor independente e não atrapalhar o trabalho dos livreiros. Como, algumas vezes, só quero ver a capa do livro por curiosidade ou dar aquela folheada nas páginas, sentir o cheirinho de novo, eu mesma procuro e depois de olhar devolvo exatamente no mesmo lugar. Mudar livros de lugar não é permitido em turismo literário. Meu princípio é simples: não gosto quando bagunçam minha estante, por isso não farei isso com a dos outros!

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“A correção dos sentimentos é lenta, desesperadoramente gradual. Você se instala neles e fica muito difícil sair, adquire-se o hábito de pensar em alguém com um pensamento determinado e fixo – também se adquire o de desejá-lo – e não se sabe renunciar a isso da noite para a manhã, ou durante meses e anos, tão demorada pode ser sua aderência.”

Javier Marías em Os Enamoramentos

[Hibisco Roxo] Semana #6

Está acabando! 🙁 Para a próxima semana, lemos mais dois capítulos –  até a página 267, se você tem a edição da foto.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Perdas e descobertas chacoalharam a vida de Kambili. A garota que voltou para casa depois de uma temporada em Nsukka não é mais a mesma.

Em poucos dias, ela ganhou e perdeu alguém na família: seu avô. A breve convivência com ele na casa da tia Ifeoma valeu mais do que os últimos anos de visitas monitoradas e rápidas que Papa autorizava. Sob o incentivo da tia, Kambili se permitiu conhecer melhor aquele “homem pagão” e entender seus costumes.

O estranhamento é claro no começo. Kambili, doutrinada por Papa durante tantos anos, questiona a tia sobre como Nossa Senhora pode interceder por um pagão. O que temos a seguir é uma aula sobre respeito às tradições. Às vezes, nos lembra tia Ifeoma, o que é diferente é tão bom quanto o que é familiar. Estamos – ou ao menos deveríamos estar – todos rezando pelas mesmas coisas.

Em uma das cenas mais bonitas desses últimos capítulos, a garota, convidada pela tia, assiste, com um misto de curiosidade e admiração, à oração matutina do avô. Após acompanhar a cena toda, Kambili nos surpreende com uma conclusão bastante crítica do que viu, comparando os ritos do avô com sua própria religião:

Ele ainda sorria quando me virei silenciosamente e voltei para o quarto. Eu nunca sorria depois de rezar o rosário em casa. Nenhum de nós sorria.

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