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[Lista] 5 casais interessantes da literatura

Falta pouco para o Dia dos Namorados e achei essa uma boa desculpa para fazer uma lista com cinco casais interessantes da literatura. Nem todos “viveram felizes para sempre”, mas tiveram uma história tão intensa, que o final é um mero detalhe.

1. Florentino Ariza e Fermina Daza (O Amor nos Tempos do Cólera): a história desses dois personagens é daquelas de novela! Após trocas de cartas e juras de amor eterno, a trajetória do casal é interrompida pelo matrimônio de Fermina com o doutor Juvenal Urbino, o promissor médico que venceu a epidemia do cólera.

Após meio século separados, Florentino reencontra Fermina no velório de Urbino e se declara a ela. Inicia-se aí a redescoberta de um amor suspenso no tempo. Os amantes, agora septuagenários, mostram que, a qualquer idade, é possível viver o novo.

O comandante olhou Fermina Daza e viu em suas pestanas os primeiros lampejos de um orvalho de inverno. Depois olhou Florentino Ariza, seu domínio invencível, seu amor impávido, e se assustou com a suspeita tardia de que é a vida, mais que a morte, a que não tem limites.

– E até quando acredita o senhor que podemos continuar neste ir e vir do caralho? – perguntou.

Florentino Ariza tinha a resposta preparada havia cinquenta e três anos, sete meses e onze dias com as respectivas noites.

– Toda a vida – disse.

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“A questão de gênero é importante em qualquer canto do mundo. É importante que comecemos a planejar e sonhar um mundo diferente. Um mundo mais justo. Um mundo de homens mais felizes e mulheres mais felizes, mais autênticos consigo mesmos. E é assim que devemos começar: precisamos criar nossas filhas de uma maneira diferente. Também precisamos criar nossos filhos de uma maneira diferente.”

Chimamanda Ngozi Adichie em
Sejamos Todos Feministas

[Vozes de Tchernóbil] Semana #4

Para a próxima semana, vamos até o final da segunda parte, na página 237.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Lembranças, memórias e a necessidade de seguir em frente mesmo sem saber exatamente como lidar com o passado. Nessa segunda parte, intitulada A Coroa da Criação, Aleksiévitch nos mostra que mais difícil que assimilar o alcance geográfico da radiação é compreender seu alcance no tempo.

A catástrofe de Tchernóbil não viajou apenas de um espaço a outro. Ela viaja por gerações, seja por meio dos traumas que marcam famílias inteiras, seja pelo sofrimento físico manifestado em doenças nunca vistas. A impossibilidade de entender essa espécie de eternidade do desastre está entre as reflexões de um dos entrevistados dessa segunda parte:

Recordo uma conversa com um cientista. “Isso é para mil anos”, ele me explicava, “o urânio se desintegra em 238 semidesintegrações. Se traduzirmos em tempo, significa um bilhão de anos; e no caso do tório, trata-se de 14 bilhões de anos.” Cinquenta. Cem. Duzentos anos. E depois? Depois é puro estupor. Mais que isso, a minha mente não dá conta de imaginar. Deixa de compreender o que é o tempo. Onde estou?

Um dos relatos mais impressionantes dessa parte do livro é o de Larissa Z., uma mulher que se tornou mãe depois do desastre. Ela vivia em um povoado que deveria ter sido evacuado, mas não foi, porque “o Estado não tinha dinheiro”. A bebê do jovem casal nasceu como um “saquinho vivo, costurado por todos os lados, não tinha nem uma fenda sequer, só os olhos abertos”, descreve a mãe. Todos os orifícios tiveram que ser construídos por uma série de cirurgias. Ainda assim, a menina não conseguia fazer xixi, precisava ser forçada pela mãe. Acostumada aos hospitais, sem saber o que é levar uma vida normal – uma vida antes de Tchernóbil – a garota já havia superado todas as expectativas e chegado aos quatro anos de idade. Quatro anos que em nada se assemelham à ideia que temos de infância:

…brinca de forma diferente, não brinca de lojinha, de escolinha, brinca de hospital com as bonecas, dá injeções, põe o termômetro, prescreve gotinhas; se a boneca morre, ela cobre com um lenço branco.

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[Resenha] A Morte em Veneza e Tonio Kröger

Começo esta resenha com a esperança de que ela inaugure uma longa série dedicada a Thomas Mann. Conheci o escritor alemão graças à belíssima coleção que a Companhia das Letras começou em 2015, com Doutor Fausto e A Morte em Veneza & Tonio Kröger, e seguiu, neste ano, com Os Buddenbrook.

Doutor Fausto e Os Buddenbrook são obras-primas do alemão, que mostrou todo seu fôlego narrativo nesses clássicos de mais de 600 páginas. Como não havia lido nada de Mann ainda, resolvi começar com uma leitura menos densa: A Morte em Veneza & Tonio Kröger. Seria uma espécie de teste para ver se eu poderia comprar, sem remorso de consumismo compulsivo, o restante da coleção. Digamos que o alemão passou com louvor. Que venham os outros livros para minha estante! 🙂

A primeira novela, A Morte em Veneza, conta a história de Gustav von Aschenbach, um célebre escritor obcecado pela perfeição em seu trabalho. Alcançou a fama ainda cedo, mas, nem por isso, superestimava seu talento. Tinha a consciência de que seus feitos eram resultado de autocontrole e muita disciplina, como vemos neste trecho:

Verdade é que desde a sua juventude Aschenbach considerara a pouca satisfação consigo mesmo a essência e íntima natureza do talento. Por causa dela, tinha o hábito de reprimir e temperar o sentimento, sabendo que este tende a se contentar com a aproximação feliz e a perfeição parcial.

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A importância dos livros ruins

Na semana passada, com a divulgação da quarta edição dos Retratos da Leitura no país, nos deparamos mais uma vez com a triste, mas não muito surpreendente, notícia de que o Brasil é um país que lê pouco e que esse pouco é de uma qualidade bastante duvidosa.

Segundo o levantamento, 44% dos brasileiros simplesmente não leram nenhum livro nos últimos três meses. O livro mais citado, não tem concorrência, é a Bíblia. Entre as obras mais marcantes, temos o onipresente O Pequeno Príncipe e também alguns títulos juvenis, como Cidade de Papel. Em quinto lugar, não muito longe da Bíblia, apareceu Cinquenta Tons de Cinza, como bem reparou uma amiga. Brasil, o país dos contrastes.

Definitivamente, não são o que o romancista americano Jonathan Franzen chama de “livros sérios”. No entanto, acredito fortemente que os livros não tão bons assim – e até mesmo os ruins – tem um importante papel na formação de leitores. Afinal, ninguém começa a vida lendo Flaubert. 

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