Mês: (página 2 de 4)

[A Besta Humana] Semana #3

Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 192 (se você tem a edição da foto).

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Os dois capítulos que acabamos de ler de A Besta Humana marcaram o início das investigações do assassinato do presidente do tribunal de Rouen, Grandmorin. Membro da alta burguesia, Grandmorin foi assassinado em uma viagem de trem de Paris para Le Havre pelo casal Roubaud, depois que o marido descobriu que a esposa, Séverine, teve um caso com seu protetor antes de se casar.

Émile Zola mantém o nível de tensão elevado. Roubaud reassumiu suas funções como subchefe da estação de Le Havre com pretensa calma, mas o tempo todo fica à espreita de qualquer notícia ou informação sobre o assassinato cometido na noite anterior.

Quando a notícia do crime enfim chega à Le Havre, os dois admitem que estavam no trem e que chegaram até a conversar com Grandmorin, mas apresentam supostos álibes entre os passageiros, como o casal que os acompanhou no vagão. Enquanto Roubaud conta sua história a todos da estação, a subserviência de Séverine se faz ainda mais presente do que no primeiro capítulo, quando ela foi brutalmente espancada pelo marido ao revelar, sem querer, seu segredo. Assustada, ela só faz confirmar tudo o que Roubaud diz, com expressões como “Sim, com certeza” e outras frases igualmente pouco assertivas. Embora cúmplice do crime, já estamos na torcida para que ela confesse o ocorrido e coloque o marido atrás das grades.

Leia mais

[Resenha] Você Já Teve uma Família?

Para seu romance de estreia, o escritor Bill Clegg escolheu temas bastante comuns na literatura, embora traiçoeiros. Perda, luto e perdão formam uma combinação que tem tudo para render um bom livro, desde que se caminhe a passos firmes na corda bamba que despenca no piegas e na autoajuda. Comecei a leitura de Você Já Teve uma Família? um pouco desconfiada, mas, depois de virar a última página (especialmente esta!), posso dizer que Clegg passou com louvor por esse desafio.

O livro começa com uma perda. June Reid vê seu mundo ruir quando toda a sua família – a filha Lolly, o genro Will, o namorado Luke e o ex-marido Adam – morre em uma explosão causada por um vazamento de gás de cozinha, um dia antes do casamento de sua filha. Ela é a única sobrevivente, porque não estava em casa na hora do incêndio. Neste trecho, Clegg descreve o cenário da tragédia que abateu June:

Lembra que saiu andando da igreja na direção de sua amiga Liz, que estava à espera em seu carro. Lembra como a conversa parou e as pessoas se misturavam e recuavam meio passo para lhe abrir caminho. Ouviu chamarem seu nome – de modo tímido, hesitante –, mas não parou nem se virou para responder. Era uma intocável, sentiu isso profundamente quando chegou ao outro lado do estacionamento. Não por escárnio ou por medo, mas por causa da obscenidade da perda. Era inconsolável, e o caráter total e assombroso daquilo – todos se foram – silenciava até mesmo aqueles mais habituados com as calamidades.

Leia mais

Confissões

O Achados e Lidos é um blog sobre literatura e, portanto, nada mais natural do que passarmos quase o tempo todo dividindo com nossos leitores a paixão por autores, livros, temas e outras notícias relacionada ao assunto. Mas como hoje é dia de Divã, achei que era hora de confessar alguns dos meus traumas. A verdade nua e crua é a seguinte: há autores que todo mundo gosta e que eu não suporto. O santo não bate. A escrita não me arrebata. E não é por falta de esforço.

Essa é uma agonia recorrente quando, navegando por listas abundantes na internet, encontro seleções de clássicos que todo mundo deveria ler um dia na vida. E lá estão, sempre eles. Aqueles autores que eu deveria ter em boa conta, mas que, com certa vergonha, preciso confessar que não gosto.

O que me traz mais embaraço é, sem dúvida, Franz Kafka. Quantas vezes em conversas animadas sobre livros tive que admitir, em voz bem baixa, quase inaudível, que não admiro muito seus livros. E não é um caso clássico de “não li e não gostei”. Encarei A Metamorfose ainda nos tempos de colégio e a história de Gregório Samsa, o homem que despertou de sonhos inquietantes como um gigantesco inseto, me deixou um pouco traumatizada. Atribuí a falta de amor ao livro, porém, à parca capacidade de compreensão de metáforas de uma jovem de menos de 15 anos. Com certeza era mais um caso de autor certo na hora errada.

Leia mais

“Abrace-a com força se você a tem; abrace-a muito, pensei, é meu conselho para todos que estão vivos. Respire o perfume dela, encoste o nariz em seu cabelo, respire profundamente o perfume dela. Diga o nome dela. Será sempre o nome dela. Nem a morte pode roubá-la. O mesmo nome, viva ou morta, sempre. Aura Estrada.”

Francisco Goldman em Diga o Nome Dela

[A Besta Humana] Semana #2

Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos até a página 134 (se você tem a edição da foto).

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Parece que estamos assistindo a um filme. O início de A Besta Humana já é cheio de fortes emoções e muitas cenas de ação. Se alguém poderia pensar que o livro escrito em 1890 seria arrastado, engana-se logo de cara.

No primeiro capítulo, já temos uma revelação surpreendente e um plano mirabolante de assassinato. Somos apresentados a Roubaud, subchefe da estação de Le Havre, casado com Séverine, uma jovem de beleza mediana, protegida de Grandmorin, um burguês de carreira bem-sucedida que chegou à presidência do tribunal de Rouen. Embora Roubaud sempre tenha sido um ótimo funcionário, não há dúvidas de que foi o empurrãozinho do velho Grandmorin que o levou à subchefia. Séverine é filha de uma das empregadas do presidente aposentado. Quando sua mãe morreu, Grandmorin tomou a responsabilidade da criação da menina.

Roubaud sentia-se muito sortudo por ter se casado com Séverine e, por vezes, não se achava merecedor dela e de todos os benefícios que o casamento lhe trouxe. Essa crença, no entanto, cai por terra no início no livro, quando ele entende melhor porque foi o escolhido para esse casamento. Tudo começa com uma viagem à Paris, por causa de um problema de trabalho de Roubaud. Séverine decide acompanhá-lo para fazer compras.

Leia mais

Posts mais antigos Post mais recentes

© 2024 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑