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“Na noite de 5 de novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos comungando de uma mesma surpresa feliz.”

 

Mia Couto em E se Obama fosse africano?

[Enclausurado] Semana #3

Algumas revelações nessa última leitura tornaram a trama de Enclausurado ainda mais intrigante. O feto narrador aprofunda suas análises políticas e comportamentais, mostrando que os personagens dessa história, inclusive ele próprio, são mais complexos do que parecem. Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos, até a página 68.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Quem é Claude? O maquiavélico amante de Trudy vai ganhando forma na história através da perspicácia do feto em captar o mundo exterior. No terceiro capítulo, nos surpreendemos, assim como o narrador, ao descobrir que Claude é irmão de seu pai.

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[Resenha] Cinco Esquinas

A primeira sensação que temos ao ler Cinco Esquinas, o novo livro do peruano Mario Vargas Llosa, lançado em meados do ano passado pela Alfaguara, é de estranhamento. Os personagens são repulsivos e caricaturais, o enredo parece um pouco batido, as descrições do ambiente são pedantes e repetitivas. Mas, apesar desses defeitos, não foram necessárias mais do que 50 páginas para que eu estivesse bastante envolvida neste thriller, que se passa no período anterior à queda do ditador Alberto Fujimori, que governou o Peru entre 1990 e 2000.

O romance começa com uma cena de sexo entre duas amigas que acabam passando a noite juntas por causa do toque de recolher imposto pelo governo no período, como forma de combate às ameaças de grupos terroristas, como o Sendero Luminoso. Em entrevistas, Llosa afirmou que o romance entre Marisa e Chabela só poderia acontecer em um período marcado pelo terror e pelo medo, no qual era comum que as pessoas passassem a noite em casa de amigos por causa do toque de recolher.

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[Divã] Escritores-heróis

Para quem gosta de literatura, escritores são rockstars, com direito a nome de rua ou estátua na praça. Pegamos autógrafos, enfrentamos filas, temos curiosidade para saber de onde vêm as ideias para os livros, quantas horas por dia trabalham, suas opiniões políticas, seus ídolos e por aí vai.

Na última semana, enquanto escrevia a resenha sobre o livro de contos O Sucesso, procurei um pouco mais sobre a autora Adriana Lisboa e me deparei com uma entrevista em que ela afirma que a profissão do escritor é muito mitificada e que ela busca quebrar essa visão, porque, em sua opinião, a escrita é um trabalho importante no mundo como outro trabalho importante qualquer. Ela diz:

Poderia estar aí sendo mergulhadora, astronauta, musicista ou seja lá o que fosse. São trabalhos viáveis, possíveis, eu sei disso. E que essa coisa, essa aura em torno da atividade do escritor ou do artista, de um modo geral, é algo que a gente precisa colaborar para diminuir um pouco, porque isso gera egos inflados demais. (…) Para mim é uma coisa simples, ser escritora, porque eu gosto em primeiro lugar. É um cotidiano muito simples.

Fiquei intrigada com essa declaração. Eu sou do tipo de leitora que ama ler perfis, assistir a palestras e ver debates que envolvem escritores, justamente porque acho que eles têm algo a dizer que eu não enxergo, ou não vivo, em meu cotidiano, diferente de outras ocupações que me parecem mais próximas.

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“(…) Para ganhar um ano novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano-Novo
cochila e espera desde sempre.”

 

Carlos Drummond de Andrade
em Receita de Ano-Novo

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