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[Resenha] Doze Contos Peregrinos

Um dos problemas de se apaixonar por um escritor é ter que encarar que sua obra é finita. O sentimento de orfandade quando acreditamos que já desbravamos tudo o que havia para conhecer dos nossos autores favoritos é difícil de explicar, mas aposto que muitos vão se solidarizar com a minha história.

Há anos, me sentia órfã de Gabriel García Márquez. Depois dos clássicos, como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera, passei por muitos livros tentando encontrar a genialidade da escrita que nos faz abrir um sorriso no meio de uma frase e que, de tão marcante, deu origem a um movimento literário próprio, o realismo fantástico.

De livros muito especiais, como o primeiro volume de sua biografia inacabada, Viver para Contar, ao ótimo Crônica de Uma Morte Anunciada, passando pelo não tão bom Memórias de Minhas Putas Tristes, há muito tempo não encontrava uma obra do colombiano que me deixasse tão empolgada quanto Doze Contos Peregrinos (recomendação da Mari, a quem agradeço muito pela dica).

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5 razões para ler e amar Machado de Assis

No dia 21 de junho de 1839, nascia, no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis, grande nome da literatura brasileira e mundial. É claro que não poderia faltar aqui no Achados & Lidos uma homenagem a um dos nossos escritores favoritos.

No prefácio de 50 Contos de Machados de Assis, o professor inglês John Gledson lembra um comentário pertinente de Carlos Drummond de Andrade: “ler Machado de Assis era uma tentação permanente, quase como se fosse um vício a que tivesse de resistir”.

Como não poderíamos concordar mais, a lista de hoje (que deveria ser bem mais extensa) traz as cinco principais razões que tornam indispensável e apaixonante a leitura de Machado de Assis.

1. Há opções para todos os gostos.

Ama romances? Prefere contos? Aprecia a poesia? Gosta de crônicas? Machado de Assis atende, com excelência, qualquer preferência, desde que ela se inclua na boa literatura. Ele escreveu em praticamente todos os gêneros. Foi romancista, poeta, dramaturgo, cronista, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Além disso, ainda atuou como tradutor de célebres colegas de profissão, como o francês Victor Hugo. Sem dúvida, ele é o autor que mais li até hoje, entre novidades e releituras. Há sempre uma coletânea ou uma nova edição para ser descoberta e incorporada à estante.

2. Os personagens de seus livros são inesquecíveis.

Capitu, Bentinho, Brás Cubas, Dr. Simão Bacamarte, Helena… Se você não conhece alguns desses nomes, provavelmente se sentirá deslocado em conversas literárias. De tanto que já foram comentados, alguns deles parecem até reais. A possível traição de Capitu a Bentinho, por exemplo, é uma das maiores polêmicas da literatura mundial.

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“Fora excitante, primeiro não saber o que Robin era e, depois, descobrir. A área cinzenta, como pude observar, fora mal nomeada: na verdade, a área cinzenta era todo outro espectro de novas cores diante dos olhos. Ela tinha o balanço de uma menina. Enrubescia feito um menino. Ela tinha a dureza de uma menina. Tinha a suavidade de um menino.”

Ali Smith em Garota encontra Garoto

[Dicas da Imensidão] Semana #4

Em Ísis na Escuridão, terceiro conto de Dicas da Imensidão, de Margaret Atwood, acompanhamos, a partir da perspectiva de Richard, a trajetória de Selena, uma personagem misteriosa que encontra na poesia sua ascensão e sua decadência. Para a próxima semana, leremos o conto O Homem do Brejo, que vai até a página 104.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

A aura de mistério que envolve Selena aparece logo nos primeiros parágrafos do conto Ísis na Escuridão, quando Richard se questiona como ela foi parar ali, na sua mesa de trabalho. Em seguida, somos levados para uma viagem no tempo que retoma o início da história em comum entre os dois personagens.

Richard conheceu Selena em uma cafeteria, chamada Embaixada da Boêmia, que reunia aspirantes a poetas, músicos e intelectuais. Ambos eram jovens e cheios de projetos grandiosos relacionados à literatura. Era a época de negação do ambiente em que viviam e da esperança de um destino diferente do dos pais, por exemplo:

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[Resenha] Homem no Escuro

Um quarto escuro e um senhor septuagenário que sofre de insônia e tem dificuldades de locomoção. Parece um cenário improvável para uma trama mirabolante – não nas mãos do escritor estadunidense Paul Auster. Homem no Escuro é uma narrativa guiada pela memória e imaginação de August Brill, crítico literário aposentado e viúvo, que já não tem muita expectativa em relação à vida e decide dedicar seu tempo às lembranças e à imaginação.

O escuro, protagonista já no título do livro, é o gatilho da mente do personagem. Quando a noite chega e a casa se aquieta, Brill é invadido pelas recordações. O antídoto que ele encontra para não sofrer pela ausência da companheira de anos é criar personagens, cenas de ação e um mundo paralelo, em que os Estados Unidos enfrentam uma guerra civil parecida com a Guerra de Secessão:

Não quero começar a pensar em Sonia. Ainda é muito cedo, e, se eu me deixar levar agora, vou acabar pensando nela durante horas. Vamos ficar concentrados na história e ver o que acontece se eu a tocar até o fim.

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