Autor: Mariane Domingos (página 3 de 43)

[Resenha] A Canção de Solomon, de Toni Morrison / [Review] Song of Solomon

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A Canção de Solomon (1977) foi publicado dez anos antes da obra-prima de Toni Morrison, Beloved (1987). Em dez anos, a autora ganhadora do prêmio Nobel não apenas aperfeiçoa sua linguagem poética, que se alimenta, principalmente, dos ritmos da fala e da canção afro-americana, mas também reforça a escrita vanguardista e poderosa que a estabeleceu como a principal voz da identidade negra na América no século XX.

O romance conta a história de Macon “Milkman” Dead III, filho de um bem-sucedido empresário negro da região Norte dos Estados Unidos. Milkman nasceu exatamente no mesmo dia em que um vizinho excêntrico se atirou do telhado em uma tentativa fracassada de voar. Além desse fato peculiar em sua data de nascimento, Macon também carrega um apelido esquisito, Milkman, que surgiu do fato de ele ter sido amamentado por sua mãe até uma idade bastante avançada.

Embora esse rápido resumo não cubra todos os meandros da narrativa de Morrison, ele evidencia dois elementos fundamentais que se entrelaçam no romance: o ato de voar como um símbolo da liberdade e o nome de uma pessoa como um ponto de partida para a busca da identidade.

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[Resenha] Thérèse Raquin, de Émile Zola

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Possuía um sangue-frio insuperável, uma tranquilidade aparente que mascarava terríveis exaltações.

Essa é Thérèse Raquin (Penguin Books, 240 páginas), protagonista do romance homônimo de Émile Zola. Uma jovem que sofre de uma existência monótona: divide seus dias entre um casamento infeliz com o primo doente, Camille, e o trabalho na loja da sogra, situada numa passagem obscura de Pont-Neuf, em Paris.

Os traços rígidos e o semblante impenetrável de Thérèse escondem um temperamento dominado pelos nervos. Quando seu destino se cruza com o do impulsivo Laurent, amigo do seu marido, o resultado é explosivo e trágico.

Os desejos carnais levam a dupla ao adultério. O desejo de liberdade leva-os ao assassinato de Camille. Nasce, então, um remorso corrosivo que, segundo Zola, no prefácio da segunda edição do romance, se relaciona mais com uma disfunção no sistema nervoso que com questões da alma:

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[Resenha] Operação Abafa / Catch and Kill

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Operação Abafa (Editora Todavia, 450 páginas) é o tipo de jornalismo que gostaríamos de ver mais frequentemente. Neste livro, o jornalista investigativo e vencedor do Prêmio Pulitzer, Ronan Farrow, expõe as mentiras, conspirações e jogos de poder que permitiram manter enterrado por tanto tempo um dos maiores escândalos da indústria do entretenimento.

Enquanto apurava o caso Weinstein (Harvey Weinstein é o poderoso produtor de Hollywood acusado de abuso e ataque sexual de mulheres por décadas), Farrow esbarrou em um história ainda maior, que revelou uma prática comum: certos veículos da mídia, agindo em nome de figuras eminentes, costumavam apurar escândalos apenas para comprar os direitos das histórias por meio de acordos de confidencialidade com as fontes e, então, enterrar essas reportagens, impedindo que se tornassem públicas.

À medida que Farrow entrava em contato com as fontes e conseguia que elas dessem seu depoimento em frente à câmera, ele se vê envolvido em uma trama repleta de conspirações que visavam acabar com qualquer tentativa de divulgar a história. Espiões, detetives particulares, dinheiro, mentiras, chantagens… Ironicamente, era como ver a vida real imitando Hollywood:

“Mais uma coisa”, ele disse, depois que agradeci pelo seu tempo. “Tome cuidado. Esse cara, as pessoas que o protegem. Eles têm muito a perder”. “Estou sendo cuidadoso”. “Você não está me entendendo. Esteja preparado para o caso de… Estou dizendo, consiga uma arma”. Eu ri. Ele não.

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[LISTA] 5 dicas no Netflix para quem ama literatura

Nem só de livros vive o Achados! Selecionamos cinco filmes que estão disponíveis no Netflix Brasil e que têm grandes chances de encantar quem é apaixonado por livros.

1. A Sociedade Literária e a Torta da Casca de Batata: a escritora Juliet Ashton, interpretada por Lily James, decide viajar até a ilha de Guernsey, depois de receber uma carta de um morador contando a origem inusitada do clube do livro local. A história remonta ao período da Segunda Guerra Mundial, quando a ilha foi ocupada pelos nazistas. Dessas memórias, surgem segredos que aguçam o instinto de escritora da jovem Juliet. Várias pitadas de literatura, um pouco de história e boas doses de romance açucarado garantem um filme leve, para assistir a qualquer hora. Ah, e a produção é baseada no romance homônimo escrito por Annie Barrows e Mary Ann Shaffe.

2. Gabo: a criação de Gabriel García Márquez: nesse documentário sobre a vida e obra do escritor colombiano, descobrimos detalhes de sua trajetória que ajudam a compreender melhor a grandeza de livros como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera. Da infância em Aracataca ao Nobel de Literatura, o filme passa por todas as fases de Gabo, inclusive sua atuação como jornalista e seu encontro com a escrita ficcional.

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“A faculdade que temos de manipular a nós mesmos para que o pedestal de nossas crenças não vacile é um fenômeno fascinante.”

 

Muriel Barbery em A Elegância do Ouriço

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