Tag: literatura francesa (página 3 de 7)

[Canção de Ninar] Semana #5

No último trecho de Canção de Ninar, Slimani nos forneceu uma visão mais próxima da vida íntima de Louise e deu seu passado, em um relato bastante solitário. De forma hábil, a escritora continua a construir as pegadas de uma tragédia e está difícil conter a ansiedade para não terminar o livro! Está acompanhando conosco? Para a próxima semana, avançamos até a página 119, ou capítulo 23.

Mariane Domingos e Tainara Machado

A relação de dependência entre Louise e a família ganha contornos mais nítidos à medida que a autora nos fornece um retrato mais próximo do cotidiano solitário da babá e de seu passado ao lado do marido e da filha.

Depois da viagem à Grécia, Louise retorna para seu apartamento, dominada por uma sensação de asfixia:

Quando abre a porta de seu apartamento, suas mãos começam a tremer. Tem vontade de rasgar a capa do sofá, dar um soco no vidro da janela. Um magma informe, uma dor queima suas entranhas, e é difícil para ela não gritar.

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[Canção de Ninar] Semana #4

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O limite tênue que separa o pessoal do profissional e a invisibilidade social de algumas classes trabalhadoras foram os temas centrais no último trecho lido. Onde parecia haver apenas perfeição começam a surgir fragilidades e tensões preocupantes. Para a próxima semana, avançamos até a página 98, ou capítulo 20.

Mariane Domingos e Tainara Machado

O jantar na casa de Myriam e Paul, para o qual Louise é convidada, é um episódio emblemático. A partir de cenas e diálogos sutis, a autora Leïla Slimani carrega a narrativa de significados sociais.

A insistência dos patrões para que a babá participe da celebração, não apenas como cozinheira, mas como convidada, parece, à primeira vista, uma grande gentileza, uma boa forma de reconhecimento. Não demora muito, no entanto, para que o leitor se coloque na pele de Louise e perceba a farsa. A tentativa do casal de incluí-la soa forçada e busca muito mais apaziguar a consciência dos dois, que de algum modo sabiam que a subvalorizavam, do que realmente reconhecer o trabalho da babá. Louise não se sente à vontade, porque, a despeito do clima de festa e de sua condição de “convidada”, aquele ambiente, em nenhum momento, deixou de ser seu ambiente de trabalho:

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[Resenha] As Manifestações

Misturar política com literatura dá certo? Em As Manifestações, a escritora francesa Nathalie Azoulai faz uma aposta corajosa e coloca a temática no centro do seu romance. Mais do que um pano de fundo, a política é a engrenagem que move a narrativa.

Virginie Tessier, Anne Toledano e Emmanuel Teper são três amigos que se conheceram no colégio e tiveram uma juventude intensa, participando das manifestações dos anos 80 em Paris. De origens bastante distintas, esse trio encontra suas semelhanças no movimento político de esquerda que contagiou a França nesse período.

Anne nasceu no seio de uma família judia burguesa, muito culta e simpatizante da direita. Emmanuel, filho de intelectuais, cresceu rodeado pelos debates acadêmicos de esquerda. Virginie, filha da classe média francesa, não foi educada em um ambiente politizado, tampouco culto, mas a realidade proletária de seus pais os aproximava da esquerda.

Ainda no colégio, os amigos organizaram sua primeira manifestação em prol de um garoto de origem árabe, de ótimo desempenho escolar, que corria o risco de não conseguir seu diploma, porque sua família estava à beira de ser deportada. Era um período na França em que a esquerda, enquanto movimento de defesa dos direitos das minorias, era o caminho a ser tomado.

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[Canção de Ninar] Semana #3

Cada vez mais, pistas nos levam ao desfecho trágico que iniciou Canção de Ninar. Curiosos? Para a próxima semana, vamos até a página 72 (capítulo 14).

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Mariane Domingos e Tainara Machado

Depois de um início arrebatador, seguido por capítulos amenos, a tensão volta à narrativa de Slimani. O retrato da família feliz, com a babá perfeita, começa a ruir.

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[Lista] 5 autores para celebrar a literatura francófona

Em 20 de março, celebrou-se o Dia Internacional da Francofonia, a comunidade linguística formada por todos os povos que têm em comum o idioma francês. 57 Estados fazem parte da Organização Internacional da Francofonia – prova de quem diz que estudar francês não é muito prático está redondamente enganado!

Sou uma entusiasta da língua francesa e comecei a estudá-la por uma identificação cultural, em especial com a literatura. Nada melhor, portanto, do que celebrar essa data com uma lista de nomes brilhantes da literatura francesa. On y va! (Vamos lá!)

1. Albert Camus: francês nascido na costa argelina, em uma família pied-noir – termo que designa os cidadãos franceses que viveram no norte africano dominado pela França –, Camus ganhou o Prêmio Nobel em 1957.

A profundidade de suas narrativas curtas, como O Estrangeiro e A Queda, são provas de que boa literatura também se faz em poucas páginas. Sem perder o chão da realidade cotidiana, os romances filosóficos de Camus levam ao extremo a reflexão sobre o sentido da existência humana.

O que é o livre-arbítrio? O destino pode ser controlado? Onde nasce a consciência? Essas são apenas algumas das “perguntas fáceis” propostas em sua escrita, que, nem por isso, é pesada ou incompreensível. Camus sabe equilibrar com maestria, às vezes em uma mesma frase, o banal e o extraordinário, o concreto e o abstrato:

Assaltaram-me as lembranças de uma vida que já não me pertencia, mas onde encontrara as mais pobres e as mais tenazes das minhas alegrias: cheiros de verão, o bairro que eu amava, um certo céu de entardecer, o riso e os vestidos de Marie.

Genial, não?

2. Marcel Proust: como deixá-lo de fora de qualquer lista que celebre a literatura, ainda mais a francesa? Apesar do pouco contato que tive com a obra de Proust (foram apenas dois volumes de Em Busca do Tempo Perdido e a coletânea de crônicas Salões de Paris), não hesito em afirmar que sua habilidade com as palavras é inigualável. A narrativa proustiana é sinônimo de beleza e elegância:

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