“Quando eu tinha uns seis anos de idade, chegou o grande dia para mim: papai esvaziou um cantinho de uma de suas estantes e permitiu que eu transferisse meus livros para lá. Para ser mais preciso, ele me deu uns trinta centímetros, mais ou menos a quarta parte da prateleira mais baixa. Abracei meus livros, que até então viviam deitados sobre o tapete, ao lado da minha cama, e os carreguei até a estante de papai e os arrumei em pé, as costas voltadas para o mundo exterior, e a frente, para a parede.

Aquele foi um ritual de iniciação, o verdadeiro rito de passagem para a idade adulta: o individuo cujos livros ficam de pé já é um homem, não mais uma criança. Agora eu era como o meu pai. Meus livros estavam de pé.”

 

Amós Oz em De Amor e Trevas