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[Resenha / Review ] Para o meu coração num domingo / To My Heart, on Sunday

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Para o meu coração num domingo (Companhia das Letras, 344 páginas) é a mais recente coletânea de poemas de Wisława Szymborska, autora polonesa que ganhou o Nobel de Literatura em 1996, lançada no Brasil. Ela reúne poesias publicadas entre 1957 e 2001.

Nesse livro, a beleza da escrita de Szymborska se evidencia mais uma vez em sua habilidade para enxergar poesia nos momentos simples e fortuitos da vida. Seus poemas são um lembrete constante de como somos pequenos diante da grandeza do universo.

Se nas outras duas coletâneas publicadas no Brasil (Poemas e Um Amor Feliz), a guerra, a natureza e o cotidiano ocupam a maior parte dos versos de Szymborska, neste terceiro volume, a finitude da vida é o tema mais recorrente.

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5 razões para ler e amar Gabriel García Márquez

Alguns autores batem carteirinha aqui no Achados & Lidos, como é o caso de Gabriel García Márquez. O autor colombiano, nascido na distante Aracataca em 6 de março de 1927, é um dos meus preferidos desde a adolescência, quando me apaixonei pelo romance de Florentino Ariza e Fermina Daza, os protagonistas de O Amor nos Tempos do Cólera. De lá para cá, me aventurei por outras obras e formatos também explorados pelo escritor, como as crônicas, as memórias e os contos. Paixões são difíceis de explicar, mas seu estilo único e a exuberância das narrativas e dos personagens são apenas algumas das razões para amar Gabo. Elencamos cinco, mas são infinitas as razões para amar a escrita de um dos maiores autores latino-americanos.

1. Ele tornou o realismo fantástico conhecido mundo afora:

Gabo costumava dizer que o que escrevia era apenas realismo. A realidade que era fantástica. Para nós, latino-americanos, tão acostumados com a máxima de que por vezes a realidade supera a ficção, essa não seria uma grande novidade.

Quem lê seus textos mais autobiográficos de fato encontra muitos dos personagens mais famosos de seus livros em suas histórias familiares, que o marcaram profundamente, especialmente o convívio com os avós.

Mas o que Gabo fez com maestria foi levar para o restante do mundo o realismo fantástico tão característico de nossa região, fruto da convivência de diferentes culturas, crenças e personalidades, em uma atmosfera por vezes onírica, mas totalmente apaixonante.

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[Resenha] Fugitiva

Não espere finais felizes dos oito contos reunidos em Fugitiva, uma das coletâneas de textos de Alice Munro. Em suas histórias, a canadense, ganhadora do Prêmio Nobel em 2013, não procura desfechos grandiosos, arrebatadores. A vida, ela nos ensina, é o cotidiano e o banal, e fugir nem sempre é possível.

Embora adore o gênero – enquanto estava lendo Munro, escrevi uma lista com cinco contos que considero imperdíveis -, acho particularmente difícil resenhá-lo. Há nessas coletâneas uma multiplicidade de vozes e temas que nem sempre permitem generalizações.

Os contos em Fugitiva, porém, têm, além das mulheres como protagonistas, alguns pontos de convergência. A inescapabilidade do destino – ou até mais do que isso, a força do acaso, que por vezes assume até um ar místico – é algo recorrente em suas histórias.

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[Divã] Philip Roth e as premiações injustas

No último dia 22, o mundo perdeu um de seus maiores escritores em língua inglesa: aos 85 anos, morreu Philip Roth. Com mais de 30 romances publicados e grande reconhecimento da crítica, tendo inclusive levado um Pulitzer por A Pastoral Americana, Roth passou a fazer parte de uma célebre, ainda que infame, lista: a de autores consagrados que não receberam a maior láurea da literatura mundial, o prêmio Nobel.

Nos últimos anos, Roth foi figura frequente entre os mais cotados a levar o prêmio, mas acabou sendo passado à frente por Svetlana Aleksiévitch (até então desconhecida do público em geral), por um cantor (Bob Dylan) e por um autor mais jovem e menos consagrado (Kazuo Ishiguro). Ainda que sejam escritores de talento inegável, é difícil entender como Roth foi preterido.

É claro que ele não é o único injustiçado – já até fizemos uma lista por aqui sobre grandes autores que não figuram no rol dos homenageados, no qual estão nada menos do que Tolstói e Joyce. Mas a reticência da Academia Sueca, nos últimos anos, em homenagear autores já amplamente reconhecidos é intrigante, quando não amplamente polêmica, como foi com Bob Dylan. Em 2018, vale lembrar, não teremos combustível para animar essa discussão: por causa de escândalos envolvendo acusações de abuso sexual por parte do marido de uma autora membro da academia, o prêmio não será entregue neste ano – havia algo de pobre no reino da Noruega, como brincou o tradutor Jorio Dauster.

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[Lista] 5 autores que foram esnobados pelo Prêmio Nobel

O Prêmio Nobel é, provavelmente, o reconhecimento mais importante que um autor pode receber em vida. Mas, convenhamos, não é todo escritor merecedor da honraria que entra para o rol de homenageados. Algumas ausências na lista da academia sueca são especialmente sentidas. Aqui, listamos cinco, entre eles um brasileiro que bem merecia ter sido contemplado!

1. Liev Tolstói: Em 1901, a Academia Sueca deu inicio à sua premiação literária com uma escolha polêmica (que novidade!). O agraciado foi o poeta francês Sully Prudhomme, o que deixou parte dos intelectuais da época escandalizados. Isso porque para a maioria era certo que a premiação ficaria com ninguém menos do que Liev Tolstói. O escritor russo, autor de clássicos como Anna Kariênina e Guerra e Paz, morreria em 1910, sem nunca ter tido um Nobel para chamar de seu. 

2. James Joyce: Outro dos grandes autores que ficaram de fora da lista de mais de cem premiados até hoje com o Nobel foi o inglês James Joyce. Considerado o fundador do romance moderno ao explorar o tempo psicológico na literatura, Joyce escreveu Ulysses, obra fundamental do século XX (e daquelas que pouca gente leu, inclusive eu!). Apesar de seu brilhantismo – e de todas as suas obras terem sido publicadas já depois da criação do prêmio -, Joyce sequer chegou a constar na lista de indicados.  

3. Guimarães Rosa: Se até pouco tempo poderíamos considerar que o autor de Sagarana não tinha levado o Nobel porque sua obra é considerada de difícil tradução, essa desculpa caiu por terra quando Bob Dylan foi agraciado com o prêmio. Sejamos honestos: letras de música não são exatamente as obras mais fáceis de verter para outra língua. Rosa é tido por muitos como o maior autor brasileiro do século XX. Sua prosa recheada de regionalismos e neologias pode exigir certa dedicação do leitor de primeira viagem, mas depois do embarque nessa aventura, é difícil não admirar a genialidade do autor. Com certeza, a Academia Sueca perdeu a oportunidade de ampliar o acesso global a um escritor único e, de quebra, colocar o Brasil na lista de países já agraciados com o prêmio.

4. Jorge Luiz Borges: O escritor argentino, com toda a sua genialidade, não figura ao lado de outros latino-americanos que receberam (merecidamente) o prêmio, como Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez. E não dá para alegar que ele morreu cedo demais para que a Academia, que tradicionalmente não premia autores jovens, pudesse ter tempo de reconhecer seu talento, como aconteceu com o chileno Roberto Bolaño. Jorge Luis Borges viveu até os 86 anos, tempo mais do que suficiente para que o pessoal do outro lado do Atlântico tivesse notado seu talento. Muitos atribuem o fato de ter sido ignorado pela premiação às suas posições políticas, mas a verdade é que é impossível saber o que move a seleção dos prestigiados. Há mais coisas entre a literatura e a Academia Sueca do que sonha nossa vã filosofia.

5. Philip Roth: Tudo bem, Philip Roth ainda está vivo e, portanto, tem grandes chances de acabar levando um Nobel para casa. O autor americano, contudo, está há tanto tempo na fila de apostas que seu nome já cabe nessa lista (assim como o de Haruki Murakami, mas para ser honesta, não acredito que sua obra mereça tal honraria). Roth é um dos grandes autores em língua inglesa do último século, capaz de escrever romances verdadeiramente incômodos e mexer em assuntos tabus para a comunidade judaica. Talvez ele tenha anunciado sua aposentadoria  para ver se acelera a decisão. Mas, por enquanto, a Academia ainda acha que pode esperar um pouco mais.

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