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[Resenha] Pessoas Normais, de Sally Rooney

Pessoas Normais (Companhia das Letras, 264 páginas) é, a princípio, um romance adolescente. Connell e Marianne se conhecem na escola de ensino médio em que os dois estudam, em uma cidade do interior da Irlanda, e se apaixonam. Poderia ser só isso, mas Sally Rooney encontra na força do primeiro amor, com seus desencontros, desencantos e dificuldades, o caminho para escrever um livro muito saboroso, daqueles que fazem a gente querer voltar a viver as angústias e dramas da adolescência.

O romance é improvável. Marianne é uma garota reclusa na escola, com dificuldade de se relacionar com os colegas e com a família. Já Connell é o astro do time de futebol, popular e sempre rodeado de amigos. O encontro dos dois, embora convivam nas salas de aula, se dá na casa de Marianne: a mãe de Connell é funcionária da mansão em que ela vive, o que também logo evidencia a distância social entre os dois.

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[Resenha] O Sol na Cabeça

Geovani Martins tem apenas 26 anos, mas seu romance de estreia, O Sol na Cabeça (Companhia das Letras, 119 páginas), teve ampla divulgação por sua editora, recebeu elogios de Chico Buarque e já teve direitos vendidos para mais de nove países. Embora poucos consigam realizar feito parecido, não é difícil entender esse magnetismo:  Martins nasceu em Bangu e foi criado no Vidigal. É filho de uma cozinheira com um jogador de futebol amador. Seu destino como escritor parecia improvável, mas é justamente a infância e a adolescência pobres do autor que formam a essência – e o apelo –  dos treze contos que compõem este livro, que partem de episódios cotidianos para expor as fraturas de uma sociedade que se divide entre morro e asfalto.

Essa primeira divisão está, muito claramente, na linguagem. As gírias, aqui, não estão entre aspas ou em itálico, como estamos tão acostumados a observar. A concordância deixa de ser perfeita. A oralidade tão literal que Martins exibe em alguns de seus contos, como Rolézim, que abre o livro, nos faz imergir na vida das favelas cariocas, a realmente escutar quem quase nunca tem voz.

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[O Mestre e Margarida] Semana #10

O Grande Baile do Satã foi, sem dúvida, um dos melhores (e mais assustadores) capítulos que temos até aqui. Em um ritmo alucinante, somos apresentados a uma fileira de reis, rainhas, envenenadores e outros personagens com um passado no mínimo duvidoso, enquanto Margarida assume uma posição que, definitivamente, não imaginávamos. Para a próxima semana, avançamos até o capítulo 26, ou página 311, se você tem a edição da foto. São menos de 100 páginas para o fim da leitura! Aproveite e conte para gente o que mais te marcou até aqui nos comentários!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Depois de todos os feitiços e prodígios daquela noite, já deduzia exatamente quem ela estava sendo levada para visitar, porém isso não a assustava.

Diferentemente da maioria dos mortais, Margarida vê com pouco assombro o encontro impressionante que a noite lhe reserva: com ninguém menos do que Diabo em pessoa. Com sua habilidade de dramaturgo, Mikhail Bulgákov nos familiariza com o cenário fantasmagórico em que vamos imergir nas próximas páginas.

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[O Mestre e Margarida] Semana #9

Chegou a hora de conhecermos melhor a outra personagem que está no título da obra de Bulgákov. Margarida, por fim, esbarra na trupe diabólica e esse encontro dá início a mais uma sequência eletrizante. Para a próxima semana, avançamos até o capítulo 24, ou página 278, se você tem a edição da foto.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

No início desta segunda parte, descobrimos que Margarida, a amada do Mestre, não o abandonou e ainda é profundamente apaixonada por ele. Também nos é revelado que ela é casada com um homem bastante rico e, materialmente, dispõe de tudo que uma pessoa poderia desejar:

Não falta dinheiro a Margarida Nikoláievna. Margarida Nikoláievna podia comprar tudo que lhe agradava. Entre os conhecidos de seu marido havia gente interessante. Margarida Nikoláievna nunca encostou em um fogareiro. Margarida Nikoláievna não conhecia os horrores da vida em um apartamento compartilhado. Em suma… era feliz? Nem por um minuto!

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[Divã] Literatura falada

Sei que chego atrasada ao assunto, mas recentemente descobri uma nova maravilha da humanidade, proporcionada pela tecnologia: os podcasts.

Para quem também perdeu essa onda, os podcasts são basicamente programas de rádio que você pode ouvir quando quiser: basta ter um novo episódio disponível. Para quem passa aproximadamente 80 minutos diários no trânsito, essa tem sido a salvação para usar o tempo de deslocamento de forma minimamente útil.

No começo, (ou)via com desconfiança esse formato. Há, claro, um certo amadorismo, já que mesmo quando o conteúdo é produzido por instituições conhecidas, nem sempre quem os apresenta tem as habilidades encontradas em locutores de rádio, como uma voz sonora e boa desenvoltura.

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