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[Resenha / Review] Garota, Mulher, Outras / Girl, Woman, Other

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Garota, Mulher, Outras (Companhia das Letras, 496 páginas), de Bernardine Evaristo, reúne várias histórias curtas de personagens fortes, com trajetórias marcadas por desafios relacionados à raça, sexualidade e classe. À primeira vista, essas narrativas parecem histórias independentes, mas à medida que a trama avança, elas acabam se cruzando de alguma maneira.

Mais do que um estilo narrativo, essa intersecção entre breves relatos se revela uma harmonia perfeita entre forma e conteúdo. Afinal, uma das principais mensagens que ecoam da escrita de Evaristo é a de que todos os seres humanos se conectam de alguma forma, seja por suas afinidades, suas trajetórias ou, o mais evidente, por seus laços sanguíneos.

Apesar das muitas oportunidades de conexão, a realidade da vida em sociedade se mostra bem menos tolerante. As personagens criadas por Evaristo, em sua maioria mulheres negras imigrantes ou filhas de imigrantes, experimentam, cada uma sob uma perspectiva de tempo e espaço, a injustiça da opressão contra minorias.

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[Resenha] O Melhor Tempo é o Presente

Uma união proibida: Jabulile Gumede é negra, Steven Reed é branco. Na África do Sul segregada pelo apartheid, essa relação só podia ser vivida na clandestinidade. É a partir dessa tensão que se desenrola O Melhor Tempo é o Presente (Companhia das Letras, 499 páginas), da ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura Nadine Gordimer.

Jabulile e Steven vêm de contextos diferentes, mas encontram um destino comum no sonho da liberdade para todos. Jabulile é filha do diretor da escola local e pastor da igreja metodista da província de KwaZulu, uma região dominada pelas mineradoras. Seu pai lutou por sua educação e apostou na continuidade dos seus estudos mesmo quando isso envolveu a mudança de país, para a Suazilândia, diferentemente do contexto da época, em que a prioridade era dada para a educação dos filhos homens.

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[Canção de Ninar] Semana #4

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O limite tênue que separa o pessoal do profissional e a invisibilidade social de algumas classes trabalhadoras foram os temas centrais no último trecho lido. Onde parecia haver apenas perfeição começam a surgir fragilidades e tensões preocupantes. Para a próxima semana, avançamos até a página 98, ou capítulo 20.

Mariane Domingos e Tainara Machado

O jantar na casa de Myriam e Paul, para o qual Louise é convidada, é um episódio emblemático. A partir de cenas e diálogos sutis, a autora Leïla Slimani carrega a narrativa de significados sociais.

A insistência dos patrões para que a babá participe da celebração, não apenas como cozinheira, mas como convidada, parece, à primeira vista, uma grande gentileza, uma boa forma de reconhecimento. Não demora muito, no entanto, para que o leitor se coloque na pele de Louise e perceba a farsa. A tentativa do casal de incluí-la soa forçada e busca muito mais apaziguar a consciência dos dois, que de algum modo sabiam que a subvalorizavam, do que realmente reconhecer o trabalho da babá. Louise não se sente à vontade, porque, a despeito do clima de festa e de sua condição de “convidada”, aquele ambiente, em nenhum momento, deixou de ser seu ambiente de trabalho:

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[Resenha] NW

Nossas origens nos definem? Neste romance, NW, um “épico urbano” nas palavras de Joyce Carol Oates, a escritora britânica Zadie Smith mergulha na multiculturalidade de um bairro londrino para criar quatro histórias que se entrelaçam e comprovam que o destino de um indivíduo é muito mais complexo do que uma simples somatória de contexto e educação.

Os quatro personagens principais – Leah, Natalie, Nathan e Felix – cresceram em Kilburn, na região de NW, bairro londrino moldado por sucessivas ondas migratórias. Na idade adulta, eles voltam a se encontrar, carregando trajetórias e escolhas diferentes, mas um passado em comum.

Natalie, filha de jamaicanos, driblou as expectativas da sociedade, formou-se em Direito, casou-se com um homem rico e desenvolveu uma carreira sólida. Sua vida familiar, no entanto, é uma bomba relógio, muito bem disfarçada, mas prestes a explodir. Leah, melhor amiga de Natalie e de descendência irlandesa, contrariou o sonho da mãe de vê-la em um posto bem remunerado, quando decidiu se dedicar ao trabalho humanitário e casar-se com um imigrante francês, cabelereiro e de ascendência africana. Nathan, errante desde sua adolescência, seguiu exatamente o caminho anunciado: drogas, violência e rua. Já Felix conseguiu superar o vício, mas não os obstáculos para uma carreira promissora. O aspirante a cineasta termina como um mecânico de carros com uma vida amorosa bastante conturbada.

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“você me diz para ficar quieta porque
minhas opiniões me deixam menos bonita
mas não fui feita com um incêndio  na barriga
para que pudessem me apagar
não fui feita com leveza na língua
para que fosse fácil de engolir
fui feita pesada
metade lâmina metade seda
difícil de esquecer e não tão fácil
de entender”

 

Rupi Kaur em outros jeitos de usar a boca

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