Gosto de escritores que enxergam literatura onde parece existir apenas banalidade. Em outras palavras, gosto de Alan Pauls.

Terminei há pouco de ler sua trilogia (História do pranto, História do cabelo e História do dinheiro), que aborda de maneira muito original um capítulo complexo e pesado da história argentina – os anos 70.

Em cada um dos livros, esses elementos supostamente banais que aparecem nos títulos funcionam como um gatilho para as memórias do período. Proust tinha suas madeleines. Pauls tem as lágrimas, o corte de cabelo e os maços de dinheiro.

Seus personagens não têm nomes e, ainda assim, ao final do livro, parecem ser nossos amigos íntimos, tal a profundidade e o ritmo frenético com que suas aventuras e desventuras, sempre conectadas de alguma forma ao pranto, ao cabelo ou ao dinheiro, nos são apresentadas.

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