A união é a urgência dos nossos tempos. Essa ideia, tão simples quanto necessária, ganha vida nas criaturas e terras mágicas do belo romance A Vida dos Elfos, da autora francesa Muriel Barbery.

Depois do sucesso mundial de A Elegância do Ouriço, Barbery deixa o realismo e se arrisca na literatura fantástica, sem perder o requinte e a profundidade que já são marcas da sua escrita.

Na trama, duas jovens órfãs, Clara e Maria, têm uma ligação misteriosa que se esclarece à medida que são desvendados os segredos em torno das origens de cada uma.

Maria vive em uma região rural da Borgonha e é cercada por pessoas de pouca instrução, mas que têm a sabedoria que apenas a pureza do contato diário com a natureza pode prover. A comunidade acolheu a menina ainda bebê, quando ela foi abandonada nas redondezas, em um dia de muita neve. Desde a chegada de Maria, a região não conhece a escassez da terra. Os pomares e a caça se mantêm abundantes durante as quatro estações do ano. A relação simbiótica de Maria com a natureza é uma das chaves da narrativa:

Compreendera muito cedo que os outros se moviam no campo como cegos e surdos para quem as sinfonias que ela ouvia e os quadros que contemplava não passavam de ruídos da natureza e paisagens mudas.

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