Quando Philip Roth anunciou, em meados de 2014, que estava se aposentando e pararia de escrever, a comunidade literária ficou em choque. O escritor, há anos entre os cotados ao Prêmio Nobel de literatura, é uma das principais vozes do romance americano da segunda metade do século XX, autor de clássicos como Complô Contra a America e Humilhação.

Lançado em 1988, mas editado no Brasil apenas no ano passado, Os Fatos – A Autobiografia de um Romancista, bem poderia ter sido seu livro de despedida. Como já sugere o subtítulo do livro, o título traz a história de Roth por trás da ficção e foi escrita após um período de colapso físico e psicológico do autor. Com sua habitual ironia, Roth habita nesta obra o limite tênue entre ficção e realidade, uma estratégia narrativa interessante para um autor que muitas vezes foi criticado por ser excessivamente autobiográfico.

Esse jogo aparece logo nas primeiras páginas. O prólogo do livro trata de uma carta de Roth escrita para Zuckerman, um de seus personagens mais marcantes. Também escritor, Zuckerman sempre foi interpretado como um alterego do autor, e por isso é mais uma nota de seu brilhantismo o fato de que Roth tenha optado por iniciar sua autobiografia pedindo autorização para  publicação para um de seus personagens mais emblemáticos.

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