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[Vozes de Tchernóbil] Semana #8

Acabou! Depois de dois meses de uma leitura intensa, chegamos ao final de Vozes de Tchernóbil. E você, o que achou do livro? Mande sua opinião para o e-mail blogachadoselidos@gmail.com. Na próxima semana, publicaremos por aqui as impressões dos nossos leitores.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Nos últimos posts sobre Vozes de Tchernóbil, destacamos o excelente trabalho de edição de Svetlana Aleksiévitch. O seu discurso na cerimônia do prêmio Nobel de Literatura, em dezembro do ano passado, é significativo para a narrativa, porque amarra alguns temas presentes nos diversos relatos, agora sob o seu ponto de vista.

Fechar o livro com essa fala da escritora também foi um grande acerto de edição, dessa vez da Companhia das Letras. O discurso é belo e tem o tom pessoal de Aleksiévitch que, por vezes, sentimos falta ao longo do livro. O capítulo final parece nos aproximar ainda mais da autora do que aquele início, em que ela entrevista a si mesma. Talvez seja porque depois de ouvir tantas vozes estejamos mais preparados para entender as inquietações que mobilizaram Aleksiévitch.

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[Vozes de Tchernóbil] Semana #5

Para a próxima semana, vamos até a página 293, logo antes de começar o “Monólogo sobre o fato de que se deve somar algo à vida cotidiana para compreendê-la”.

Por Tainara Machado e Mariane Domingos

O que é preciso para caracterizar uma catástrofe? No caso de Tchernóbil, a explosão e o incêndio da central nuclear já seriam suficientes para que essa palavra pudesse ser usada. Mas estes não são o único componente do desastre.

A resposta das autoridades soviéticas, como já discutimos no post anterior, aumentou a magnitude do sofrimento da população local, com o uso de “robôs humanos” para apagar as chamas do reator, algo que nem as máquinas conseguiam fazer, porque acabavam “enlouquecidas” pela força da radiação.

Além dessas atrocidades que ficaram ainda mais evidentes no trecho desta semana, desponta ainda, nos relatos, um terceiro elemento que tornou Tchernóbil um desastre tão grande: o  temperamento do povo eslavo. Submissos, patrióticos, preparados para o desastre iminente e para a guerra, os bielorrusos estavam dispostos a acreditar nas autoridades e a abraçar a narrativa oficial de que o acidente demandava atos de heroísmo. Em um dos depoimentos, o entrevistado compara o desastre em Tchernóbil com outro acidente bastante conhecido, exemplificando bem o cenário:

Eu assisti várias vezes ao filme sobre o naufrágio do Titanic. O filme me lembra de coisas que vi com meus próprios olhos. O que se passou nos primeiros dias de Tchernóbil… O comportamento das pessoas era muito semelhante. A mesma psicologia. Eu comparava com o filme. O casco no navio já estava perfurado, a água inundava os andares inferiores, tonéis, caixões… A água avançava, ia ocupando todos os espaços, mas lá em cima as luzes continuavam acesas, tocavam música, serviam champanhe, prosseguiam as disputas familiares, iniciavam-se novas histórias de amor. E a água avança… Alcança as escadas, penetra nos camarotes.

Tal qual os tripulantes e passageiros do Titanic, que acreditavam cegamente na grandiosa e invencível construção do homem, os soviéticos, mesmo diante de Tchernóbil, também tinham uma crença inabalável:

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