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[Divã] Um Kindle de referência

Na semana passada, em uma longa entrevista dado ao crítico literário do The New York Times, Michiko Kakutani, Barack Obama, agora ex-presidente dos Estados Unidos, falou um pouco da sua relação com os livros e contou que deu de presente para sua filha um Kindle recheado de livros importantes para sua formação.

Ali estão, segundo ele, “conhecidos suspeitos”, como Cem Anos de Solidão, do Gabriel García Márquez, e outros títulos não tão onipresentes nas listas de leituras, mas que são poderosos, tais quais O Carnê Dourado, de Doris Lessing.

Inspirada por esse presente tão especial, foi quase impossível não fazer uma retrospectiva dos livros que tiveram particular impacto sobre mim nesses últimos anos, e aos quais volto sempre que preciso de algum conforto. Não são, como disse Obama, necessariamente clássicos da literatura mundial, mas livros com mensagens poderosas sobre assuntos por vezes banais. Leia mais

“Em seguida se ergueu e chorou, deixando correr sobre as faces lágrmas (…); esse líquido claro , que jorra neste mundo a toda hora e em toda parte, com tanta abundância e tanta amargura que os poetas deram seu nome ao “vale” terreno; esse produto salgado e alcalino das glândulas que o abalo dos nervos, causado por uma dor penetrante, arranca ao nosso corpo e que, como Hans Castorp sabia, continha além disso traços de mucina e albumina.”

Thomas Mann em A Montanha Mágica

[Resenha] A Morte em Veneza e Tonio Kröger

Começo esta resenha com a esperança de que ela inaugure uma longa série dedicada a Thomas Mann. Conheci o escritor alemão graças à belíssima coleção que a Companhia das Letras começou em 2015, com Doutor Fausto e A Morte em Veneza & Tonio Kröger, e seguiu, neste ano, com Os Buddenbrook.

Doutor Fausto e Os Buddenbrook são obras-primas do alemão, que mostrou todo seu fôlego narrativo nesses clássicos de mais de 600 páginas. Como não havia lido nada de Mann ainda, resolvi começar com uma leitura menos densa: A Morte em Veneza & Tonio Kröger. Seria uma espécie de teste para ver se eu poderia comprar, sem remorso de consumismo compulsivo, o restante da coleção. Digamos que o alemão passou com louvor. Que venham os outros livros para minha estante! 🙂

A primeira novela, A Morte em Veneza, conta a história de Gustav von Aschenbach, um célebre escritor obcecado pela perfeição em seu trabalho. Alcançou a fama ainda cedo, mas, nem por isso, superestimava seu talento. Tinha a consciência de que seus feitos eram resultado de autocontrole e muita disciplina, como vemos neste trecho:

Verdade é que desde a sua juventude Aschenbach considerara a pouca satisfação consigo mesmo a essência e íntima natureza do talento. Por causa dela, tinha o hábito de reprimir e temperar o sentimento, sabendo que este tende a se contentar com a aproximação feliz e a perfeição parcial.

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