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“Verdadeira. Com dinheiro também fico, pomba. Fico a própria boca da fonte jorrando  a verdade. É fácil dizer a verdade na riqueza. Bacana os gloriosos contando nas entrevistas que na infância reviravam a lata com os ratos, muito bacaninha tanta autenticidade. Coragem, não? Bonito.”

 

Lygia Fagundes Telles em As Meninas

[Resenha] Seminário dos Ratos

Você nunca termina um conto da Lygia Fagundes Telles e já sabe de cara o que pensar. Ou pelo menos não os reunidos em Seminário dos Ratos. Como escreveu o crítico Antonio Dimas no posfácio de Antes do Baile Verde, Lygia nos deixa sempre um filetinho de sangue escorrendo.

Nada muito profundo, mas o suficiente para incomodar, na hora e por extenso tempo, cravadas na memória. O suficiente para se lembrar de que, nas próximas vezes, você não deve se aproximar tão desguarnecido e confiante, porque o bote pode vir, quanto menos se espera, não se sabe de onde”.

Eu não me aproximei desguarnecida, embora esse tenha sido o primeiro livro da Lygia que li. Sei que isso não deveria ser dito assim, abertamente, em público, mas já havia ensaiado ler As Meninas inúmeras vezes e nunca passava da cena em que elas estão jogando conversa fora no quarto, logo no começo (já falei desse problema aqui).

Com os contos (e uns bons anos de distância da tentativa fracassada anteriormente) foi mais fácil, mas não menos impactante. Não é à toa que Lygia foi indicada pela União Brasileira de Escritores (UBE) para o prêmio Nobel de literatura deste ano. Em Seminários dos Ratos, de 1977, a autora, que fez 93 anos nesta semana, adota múltiplos pontos de vista, alterna entre fluxo de consciência e diálogo, entre passado e presente, tudo isso sem nunca perder o tom.

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