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[Resenha] A Vida Mentirosa dos Adultos, por Elena Ferrante

Em A Vida Mentirosa dos Adultos (Intrínseca, 431 páginas), o tão aguardado novo romance de Elena Ferrante, a autora volta à Nápoles, na Itália, dessa vez para acompanhar a passagem da infância para a adolescência de Giovanna, uma garota de classe média que questiona seu passado, sua beleza, suas amizades e sua família depois de entreouvir uma inesperada declaração de seu pai. 

E, ainda que A Vida Mentirosa dos Adultos não tenha a mesma qualidade da Tetralogia Napolitana (cujas resenhas você encontra aqui), há nele uma espécie de força magnética que mantém o leitor preso às suas páginas até o fim. O poder de Elena Ferrante de causar frisson continua intacto. 

De certa forma, isso ocorre porque Ferrante mostra como é frágil o equilíbrio que mantém as peças da nossa vida encaixadas. Neste quebra-cabeça, qualquer breve movimento, tão sutil quanto uma frase impensada em meio a uma briga de casal, pode desarranjar tudo de forma irreversível. E assim é com Giovanna.

“Foi assim que, aos doze anos, soube pela voz do meu pai, sufocada pelo esforço de mantê-la baixa, que eu estava ficando igual à sua irmã, uma mulher na qual – eu o ouvira dizer desde sempre – feiura e maldade coincidiam perfeitamente”. 

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[Lista] 5 perfis paternos na literatura

A lista de hoje está bem eclética, no clima de Dia dos Pais, comemorado ontem! Dos clássicos até a literatura contemporânea, buscamos na estante algumas figuras paternas famosas no mundo dos livros, seja pelo exemplo, seja pela falta dele!

Lembrou de algum pai que ficou de fora? Conte para gente nos comentários!

1. Hamlet, de William Shakespeare: Nesta célebre história, o pai de Hamlet, príncipe da Dinamarca, passa a assombrá-lo após a sua morte, acusando seu irmão de tê-lo assassinado para se casar com sua mulher, Ofélia. Hamlet então decide armar um plano para descobrir se seu pai estava falando a verdade ou não. Ao explorar o limite entre a sanidade e a loucura, essa obra-prima da literatura inglesa influenciou inúmeros escritores, de James Joyce a Ian McEwan. 

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[Resenha] Praia de Manhattan

Em apenas duas décadas, a cidade de Nova York foi palco de grandes transformações: da profunda crise econômica que se seguiu à quebra da Bolsa de Valores, em 1929, ao considerável esforço de guerra que tomou a cidade na esteira do ataque japonês à Pearl Harbour. Praia de Manhattan (Intrínseca, 448 páginas), da escritora Jennifer Egan, usa exatamente esse cenário para contar a história de amadurecimento de Anna Kerrigan, da infância ao início de sua vida adulta.

A história é contada a partir do ponto de vista de três personagens: além de Anna, seu pai e Dexter Styles, um conhecido gângster nova iorquino, também elaboram suas versões dos fatos. O romance começa com Anna ainda jovem, com cerca de 12 anos, visitando a casa de Styles ao lado de seu pai, em um dos furtivos encontros de trabalho entre os dois.

Aos poucos, alguns dos conflitos que cercam os personagens ficam claros. O pai de Anna perdeu tudo com a quebra da Bolsa e passou a depender de alguns trabalhos escusos para manter o padrão de vida da família, que inclui uma filha deficiente. Anna não consegue entender exatamente em qual vida seu pai está imergindo, até seu desaparecimento repentino, quando ela ainda era adolescente.

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[Resenha] A Sexta Extinção – Uma História Não Natural

Sapos, antes abundantes, passaram a aparecer mortos em enormes quantidades na região de El Valle, no Panamá, até desaparecem quase completamente. Milhões de morcegos foram encontrados mortos em cavernas nos Estados Unidos desde o inverno de 2010, acometidos por uma espécie de pó branco cuja presença se concentra no focinho desses animais. O súbito desaparecimento dessas espécies é resultado da introdução de novos organismos no ambiente, pela ação humana. O deslocamento de espécies nativas de um continente para o outro, por meio de viagens, exportações, transporte de cargas e outros meios, está provocando, em conjunto com o aquecimento global, a sexta extinção em massa da história da Terra.

Esse é o quadro retratado pela jornalista americana Elizabeth Kolbert em A Sexta Extinção – Uma História Não Natural, lançado no Brasil pela Intrínseca. Embora trate de temas áridos como acidificação de oceanos ou a codificação do genoma de Neandertais, o livro – na verdade, uma grande reportagem – é acessível, dinâmico e, principalmente, extremamente intrigante e preocupante.

A história das extinções em massa começa com um desaparecimento que poderia parecer trivial:  uma espécie comum de sapo nas encostas da Colômbia, antes abundantes, rarearam e, de repente, sumiram. Para escrever esta resenha, fui dar uma olhada em uma foto do anfíbio, e a última atualização na Wikipedia já colocou o verbo sobre essa espécie no passado:

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