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[Resenha] O Melhor Tempo é o Presente

Uma união proibida: Jabulile Gumede é negra, Steven Reed é branco. Na África do Sul segregada pelo apartheid, essa relação só podia ser vivida na clandestinidade. É a partir dessa tensão que se desenrola O Melhor Tempo é o Presente (Companhia das Letras, 499 páginas), da ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura Nadine Gordimer.

Jabulile e Steven vêm de contextos diferentes, mas encontram um destino comum no sonho da liberdade para todos. Jabulile é filha do diretor da escola local e pastor da igreja metodista da província de KwaZulu, uma região dominada pelas mineradoras. Seu pai lutou por sua educação e apostou na continuidade dos seus estudos mesmo quando isso envolveu a mudança de país, para a Suazilândia, diferentemente do contexto da época, em que a prioridade era dada para a educação dos filhos homens.

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[Divã] Um continente, diferentes perspectivas

Sempre falamos por aqui que a literatura é uma porta aberta para o mundo. Os livros estão sempre nos fazendo enxergar novos ângulos, fronteiras e personagens. Isso acontece porque também a literatura está em constante mutação, abrindo espaço para vozes que antes não reverberavam mundo afora.

Essa transformação parece ter acontecido, de certa forma, com a literatura africana que ganhou as prateleiras brasileiras nos últimos tempos. Essa é, claro, uma opinião que parte de uma experiência pessoal. Mas se até pouco tempo a produção ficcional sobre o continente era predominantemente masculina e escrita do ponto de vista do colonizador, começamos a ver autoras que falam sobre o conflito entre herança colonial e o conhecimento tradicional de forma aberta, passando por questões como racismo e o lugar da mulher na sociedade de um modo que não víamos até então.

Isso não quer dizer, obviamente, que devemos desmerecer a ficção de nomes como Le Clézio e J. M. Coetzee. Embora tenha nascido em Nice, Le Clézio cresceu em uma família fraturada pela guerra e viveu por alguns anos na Nigéria, quando era bastante jovem. Sobre esse período, escreveu um lindo relato sobre a busca por sua origem, por um pai desaparecido que poderia estar em todos os lugares, por uma identidade que já não encontrava.

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[Resenha] Meio Sol Amarelo

Em sua famosa palestra para o TedTalks, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie falou do perigo da história única, da visão comum e unificada da história africana, um legado do colonialismo. Em Meio Sol Amarelo, livro de 2008 reeditado recentemente pela Companhia das Letras, a autora busca justamente dar voz e cores para a Guerra da Biafra, vista quase sempre por uma única lupa: como mais uma das tantas guerras civis que assolaram o continente.

O centro da narrativa é a casa de Odenigbo e Olanna em Nsukka, cidade universitária nigeriana. Odenigbo é um professor bem relacionado no campus, seguro de si, com voz ativa sobre a independência nigeriana, sobre costumes e heranças do colonialismo. Já Olanna é descendente da classe alta do país, filha de um influente empresário, mas que não se reconhece em seu meio familiar. O personagem mais empático, contudo, é Ugwu, que chega ainda muito novo para trabalhar na casa de Odenigbo, saído de um pequeno vilarejo no qual cada pedaço de peixe era disputado pela família. Seu assombro sobre os costumes descritos por sua tia nos cativa logo na primeira página:

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[Lista] 5 razões para ler e amar Chimamanda Ngozi Adichie

Quem acompanha o Achados & Lidos há algum tempo já sabe: uma das nossas grandes paixões literárias é a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. A autora completou 40 anos na semana passada e, para celebrar essa data, decidimos listar alguns motivos pelos quais acreditamos que todo mundo deveria ler pelo menos um livro dela!

Ao todo, Adichie escreveu três romances (Hibisco Roxo, Meio Sol Amarelo e Americanah) e um livro de contos (No Seu Pescoço), além de dois pequenos manifestos, todos editados no Brasil pela Companhia das Letras. Venha conhecer mais – e se apaixonar – por uma das vozes femininas mais brilhantes da nossa geração.

1. Suas personagens femininas são inesquecíveis

As personagens de Chimamanda Ngozi Adichie cometem erros de julgamento, falham, seguem caminhos tortuosos e, nessa trajetória, aprendem – e nos ensinam – muito. Como não poderia deixar de ser, as protagonistas dos livros da autora são personagens que, em meio ao caos, conseguem moldar o seu entorno, equilibrando os diversos papéis que as mulheres acumulam na sociedade. Facilmente relacionáveis, elas são também inesquecíveis.

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“A rebeldia de Jaja era como os hibiscos roxos experimentais de Tia Ifeoma: rara, com o cheiro suave da liberdade, uma liberdade diferente daquela que a multidão, brandindo folhas verdes, pediu na Government Square após o golpe. Liberdade para ser, para fazer.”

 

Chimamanda Ngozi Adichie em Hibisco Roxo

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