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[Resenha] Doze Contos Peregrinos

Um dos problemas de se apaixonar por um escritor é ter que encarar que sua obra é finita. O sentimento de orfandade quando acreditamos que já desbravamos tudo o que havia para conhecer dos nossos autores favoritos é difícil de explicar, mas aposto que muitos vão se solidarizar com a minha história.

Há anos, me sentia órfã de Gabriel García Márquez. Depois dos clássicos, como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera, passei por muitos livros tentando encontrar a genialidade da escrita que nos faz abrir um sorriso no meio de uma frase e que, de tão marcante, deu origem a um movimento literário próprio, o realismo fantástico.

De livros muito especiais, como o primeiro volume de sua biografia inacabada, Viver para Contar, ao ótimo Crônica de Uma Morte Anunciada, passando pelo não tão bom Memórias de Minhas Putas Tristes, há muito tempo não encontrava uma obra do colombiano que me deixasse tão empolgada quanto Doze Contos Peregrinos (recomendação da Mari, a quem agradeço muito pela dica).

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[Resenha] A Vida dos Elfos

A união é a urgência dos nossos tempos. Essa ideia, tão simples quanto necessária, ganha vida nas criaturas e terras mágicas do belo romance A Vida dos Elfos, da autora francesa Muriel Barbery.

Depois do sucesso mundial de A Elegância do Ouriço, Barbery deixa o realismo e se arrisca na literatura fantástica, sem perder o requinte e a profundidade que já são marcas da sua escrita.

Na trama, duas jovens órfãs, Clara e Maria, têm uma ligação misteriosa que se esclarece à medida que são desvendados os segredos em torno das origens de cada uma.

Maria vive em uma região rural da Borgonha e é cercada por pessoas de pouca instrução, mas que têm a sabedoria que apenas a pureza do contato diário com a natureza pode prover. A comunidade acolheu a menina ainda bebê, quando ela foi abandonada nas redondezas, em um dia de muita neve. Desde a chegada de Maria, a região não conhece a escassez da terra. Os pomares e a caça se mantêm abundantes durante as quatro estações do ano. A relação simbiótica de Maria com a natureza é uma das chaves da narrativa:

Compreendera muito cedo que os outros se moviam no campo como cegos e surdos para quem as sinfonias que ela ouvia e os quadros que contemplava não passavam de ruídos da natureza e paisagens mudas.

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