Detesto arrumar malas. Mas gosto de um momento específico dessa tarefa: separar os livros que levarei na viagem. Me permito excessos nesse quesito. Tudo que economizo de espaço na seleção das roupas, preencho com livros. Isso porque quando o assunto é literatura, toda minha objetividade se resume a esta bela frase do escritor moçambicano Mia Couto:

O segredo é permitir que as escolhas que a vida nos impõe não nos obriguem a matar a nossa diversidade interior. O melhor nesta vida é poder escolher, mas o mais triste é ter mesmo que escolher.

Na hora da arrumação, quero colocar toda minha diversidade literária interior na mala, rs. Não me apego muito a questões práticas, como por exemplo quantos dias dura o passeio. Gosto de estar preparada para qualquer tipo de imprevisto literário. Levar um livro apenas? Jamais. E se eu não gostar da história?

É preciso pensar que a viagem vai além da estadia. São também as longas esperas e trajetos. Minha paranoia com horários me rende bons períodos de leitura. Sem contar o efeito calmante que os livros têm sobre mim – é bem-vinda qualquer distração para as turbulências do avião ou para o fato de que os ponteiros do relógio não andam quando queremos chegar logo.

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