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[Resenha] Quarenta Dias

A leitura de Quarenta Dias é como um abraço amigo. A ternura do texto de Maria Valéria Rezende incorpora aquilo que tanto procuramos na literatura: identificação.

Alice, personagem central do romance, é uma professora aposentada, que sai da Paraíba e se muda para o Rio Grande do Sul por pressão da filha. Aparentemente, nenhuma similaridade entre mim e Alice. No entanto, poucos personagens me inspiraram tamanha empatia.

O tom confessional da narrativa é propício para esse sentimento. Em um caderno velho, com a Barbie na capa, Alice despeja suas memórias, especialmente as mais recentes, desde sua mudança a contragosto para o sul.

Alice criou a filha sozinha depois que o marido desapareceu – ao que tudo indica, vítima da violência da ditadura. Não foram poucos os sacrifícios de mãe, mas o maior deles ainda estava por vir. Norinha casou-se com um gaúcho e se fixou em Porto Alegre. Quando decide engravidar, não o faz sem antes comunicar Alice e propor, em tom mais de exigência que de pedido, que a mãe se mude para o sul para ajudá-la com a criação do neto.

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[Lista] 5 leituras para Flip 2017

O Achados & Lidos já está de malas prontas para a 15a Festa Literária Internacional de Paraty! \o/ Mais do que um evento para celebrar a literatura, a Flip é uma ótima oportunidade para (re)descobrir escritores. Do autor homenageado aos participantes das mesas, a lista de hoje traz cinco livros que já estão na nossa bagagem!

1. A Mulher de Pés Descalços, de Scholastique Mukasonga: desde que começaram a ser anunciados os convidados da Flip deste ano, esse foi o nome que mais chamou minha atenção. Nascida em Ruanda e sobrevivente das lutas fratricidas entre as etnias Tutsi e Hutu, Mukasonga é uma das principais escritoras e ativistas da diáspora negra.

Em A Mulher de Pés Descalços, a escritora revira suas memórias e dá voz à dor e à perda em uma comovente homenagem à mãe, Stefania. Li pouco mais de 30 páginas do livro e já senti um nó na garganta em diversos trechos.

Logo no início, Mukasonga explica que o livro foi a forma que ela encontrou de cumprir com um pedido da mãe: após sua morte, ter seu corpo coberto para que ninguém o visse, pois “não se deve deixar ver o corpo de uma mãe”. Mukasonga não pôde atender esse desejo, pois Stefania foi brutalmente assassinada no genocídio que devastou seu país:

Mamãe, eu não estava lá para cobrir seu corpo e não tenho nada além de palavras – palavras de uma língua que você não entenderia – para cumprir o que você pediu. E estou só com minhas pobres palavras e minhas frases, sobre a página do caderno, tecendo a mortalha de seu corpo ausente.

Alguém duvida que a participação de Mukasonga na Flip será marcante?

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