Depois de um início emocionante, no qual gastamos uns tantos lencinhos de papel, foi bastante difícil parar a leitura de Vozes de Tchernóbil. Mas somos obedientes e só agora vamos avançar a primeira parte, até a página 121. 

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

As 50 primeiras páginas de Vozes de Tchernóbil são arrebatadoras.

O capítulo de abertura, “Nota histórica”, traz uma coletânea de publicações bielorrussas na internet entre 2002 e 2005. Para os leitores que não estão tão familiarizados com a catástrofe, a introdução é bem-vinda. Números, datas, nomes, localidades começam a desenhar o cenário que encontraremos na sequência. Tudo assusta – quantidade de mortos, alcance da radiação, incidência atual de doenças oncológicas na região.

Um desses excertos fala do sarcófago construído às pressas para conter o quarto reator, que “continua guardando nas suas entranhas de chumbo e concreto armado cerca de duzentas toneladas de material nuclear”. Esse trecho resume bem o sentimento que temos ao terminar a leitura desse primeiro capítulo. É a sensação de pavor. Pavor diante do mal à espreita:

O sarcófago é um defunto que respira. Respira morte. Quanto tempo ainda se sustentará? A isso ninguém responde.

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