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[Resenha] Intérprete de Males

Um casal compartilha verdades inconfessáveis à luz de velas. Uma jovem mulher decide revelar um segredo a um desconhecido. Uma menina descobre noções de identidade e pertencimento por meio de visitas cotidianas na hora do jantar. Em Intérprete de Males, livro de contos da inglesa Jhumpa Lahiri editado no Brasil pela Biblioteca Azul, os personagens precisam aprender a conviver com um mundo que lhes parece estrangeiro, mas que precisa ganhar contornos familiares.

A imigração e o choque de culturas é pano de fundo de quase todos os contos desse livro, mas as histórias narram dramas universais, como a separação, a perda, o envelhecimento e a distância. Jhumpa Lahiri, que nasceu em Londres mas vem de família indiana e hoje vive na Itália, sabe como ninguém o que é não encontrar tradução para o seu mundo no cotidiano.

Intérpretes de Males busca justamente construir essa ponte, um diálogo entre dois universos distintos e ao mesmo tempo semelhantes, marcados por chegadas, partidas e estranhamentos. É, acima de tudo, uma leitura extremamente prazerosa, pela habilidade de Lahiri em construir personagens e tramas pelas quais sentimos profunda empatia, em um ritmo compassado no qual não há espaço para atropelos, mas muito está escrito nas entrelinhas.

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[Divã] Bagagem literária

Detesto arrumar malas. Mas gosto de um momento específico dessa tarefa: separar os livros que levarei na viagem. Me permito excessos nesse quesito. Tudo que economizo de espaço na seleção das roupas, preencho com livros. Isso porque quando o assunto é literatura, toda minha objetividade se resume a esta bela frase do escritor moçambicano Mia Couto:

O segredo é permitir que as escolhas que a vida nos impõe não nos obriguem a matar a nossa diversidade interior. O melhor nesta vida é poder escolher, mas o mais triste é ter mesmo que escolher.

Na hora da arrumação, quero colocar toda minha diversidade literária interior na mala, rs. Não me apego muito a questões práticas, como por exemplo quantos dias dura o passeio. Gosto de estar preparada para qualquer tipo de imprevisto literário. Levar um livro apenas? Jamais. E se eu não gostar da história?

É preciso pensar que a viagem vai além da estadia. São também as longas esperas e trajetos. Minha paranoia com horários me rende bons períodos de leitura. Sem contar o efeito calmante que os livros têm sobre mim – é bem-vinda qualquer distração para as turbulências do avião ou para o fato de que os ponteiros do relógio não andam quando queremos chegar logo.

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“Algumas pessoas são más unicamente pela necessidade de falar. Sua conversação, simples loquacidade de salão ou diz-que-diz das salas de espera, é como essas lareiras que num instante consomem toda a lenha; elas precisam de grande quantidade de combustível, e o combustível é a vida alheia.”

 

Victor Hugo em Os Miseráveis

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