Autor: Mariane Domingos (página 2 de 43)

[Resenha | Review] A Trilogia de Nova York / The New York Trilogy

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A Trilogia de Nova York (Companhia das Letras, 344 páginas) é o tipo de livro que surpreende. À primeira vista, parece um romance policial, mas, à medida que as tramas evoluem, percebemos que as empreitadas detetivescas são apenas a superfície de questionamentos que vão muito além de um mistério policial. São três histórias que se passam na cidade de Nova York e que compartilham muito mais que o cenário agitado de uma grande metrópole e o tom noir.

Na primeira narrativa, Cidade de Vidro, um escritor de romances policiais cheio de problemas em sua vida pessoal acaba se tornando, por acaso, detetive de uma investigação particular. O que era, até então, para ele, apenas objeto de ficção se torna sua realidade. E, para deixar a trama ainda mais intrincada, um dos personagens leva um nome pra lá de familiar: Paul Auster. Você já pode imaginar quantas conexões malucas essa leitura permite!

Fantasmas, a segunda história do livro, segue a linha de detetives, perseguições e mistérios. São quatro personagens, todos eles com nomes de cores, cujos caminhos se cruzam por uma investigação. Um deles é contratado como detetive particular para vigiar o outro, sem saber os motivos. Sua tarefa é apenas observar e relatar. No entanto, essa busca, por si só cheia de mistérios, acaba virando uma obsessão perigosa.

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[Lista | List] 3 livros ambientados na Itália | 3 books set in Italy

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1. Roma: em Minha Casa É Onde Estou, Igiaba Scego percorre as ruas de sua cidade natal, Roma, ao mesmo tempo em que recupera as memórias de sua família em Mogadíscio, na Somália. Navegando por essas lembranças coletivas, ela desenha um mapa da cidade de origem de seus pais. E do mapa da capital italiana, a autora recupera suas próprias memórias enquanto filha de imigrantes na Europa. Em um jogo de direções contrárias –  da subjetividade das lembranças à objetividade de um mapa e vice-versa – Scego constrói um texto belíssimo do qual emana uma verdade essencial: cidades são organismos vivos, que nascem e morrem, e que são construídos não só de concreto, mas principalmente de histórias, experiências e percepções.

2. Nápoles: impossível falar de Nápoles sem pensar em Elena Ferrante. A misteriosa escritora italiana escolheu a cidade do sul da Itália para sua série, composta por A Amiga Genial, História do Novo Sobrenome, História de Quem Foge e Quem Fica e História da Menina Perdida. O amadurecimento das amigas de infância Lila e Lenu é indissociável das cores e sabores de Nápoles. As motocicletas subindo a todo vapor pelas ruas íngremes de Nápoles, o burburinho da Piazza dei Martiri e os verões na ilha de Ischia…

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[Resenha / Review] Complô contra a América / The Plot Against America

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A leitura de Complô Contra a América (Companhia de Bolso, 440 páginas), é uma mistura de sentimentos contraditórios. De um lado, o prazer da boa literatura na escrita envolvente de Philip Roth, quase impossível de largar. Do outro, o gosto amargo de se enxergar em uma realidade não muito distante da ficção distópica apresentada pelo romance.

Philip, o protagonista, é um garoto estadunidense nos anos 40, nascido no seio de uma família judia. Sua infância tinha tudo para se passar na mais tranquila normalidade, não fosse por um acontecimento: a eleição de um simpatizante do nazismo de Hitler, o aviador Charles A. Lindbergh, como presidente dos Estados Unidos.

Roth narra, a partir da visão do garoto, a conjuntura social e política que levou à derrota do então presidente Franklin D. Roosevelt para um candidato novato que, ainda em campanha, demonstrava afinidades com as ideias extremistas que chegavam da Europa. Essa perspectiva infantil dos fatos é um dos grandes destaques do romance. A inocência com que, por vezes, o protagonista interpreta os sinais da tormenta que viria, deixa o leitor angustiado, com vontade de entrar na trama para mudar o curso da história.

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“O poder é a habilidade não apenas de contar a história de outra pessoa, mas de fazer que ela seja sua história definitiva. O poeta palestino Mourid Barghouti escreveu que, se você quiser espoliar um povo, a maneira mais simples é contar a história dele e começar com ‘em segundo lugar’. Comece a história com a flecha dos indígenas americanos, e não com a chegada dos britânicos, e a história será completamente diferente.”

O Perigo de uma História Única, de Chimamanda Ngozi Adichie


“Power is the ability not just to tell the story of another person, but to make it the definitive story of that person. The Palestinian poet Mourid Barghouti writes that if you want to dispossess a people, the simplest way to do it is to tell their story and to start with ‘secondly’. Start the story with the arrows of the Native Americans, and not with the arrival of the British, and you have an entirely different story.”

The Danger of a Single Story, by Chimamanda Ngozi Adichie

“Não conseguimos viver sem uma telinha. Eu não vou ao banheiro sem o celular. É o terror ao silêncio.”

A Uruguaia, de Pedro Mairal


“We can’t live without screens. I always take my cellphone to the bathroom. It’s the fear of silence.”

La Uruguaya, by Pedro Mairal

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