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[Resenha] Dias de Abandono

Ler Elena Ferrante é mergulhar no turbilhão de sentimentos, nem sempre virtuosos, tampouco compreensíveis, que compõem a natureza humana. Se nos volumes da tetralogia napolitana a escritora já dá mostras dessa habilidade em trechos esparsos cuja precisão e impacto exigem releitura, em Dias de Abandono são 181 páginas dessa prosa avassaladora. O fôlego narrativo de Ferrante é surpreendente: faz o leitor esquecer seu entorno e o transporta para a caótica intimidade de Olga, uma mulher abandonada pelo marido depois de 15 anos de casamento.

O processo de redescoberta da personagem é central no enredo. Todos os estágios do abandono – dos momentos de lucidez aos de irracionalidade completa – são descritos minuciosamente. A narradora em primeira pessoa potencializa a honestidade do relato. A sensação é de que Olga está logo ao lado, confessando despudoradamente todo seu sofrimento.

Em um primeiro momento, ela se força a manter a calma. Apoiando-se na certeza de que a ruptura com Mario é passageira, Olga leva os dias de maneira desatenta, como se colocasse sua vida em suspenso, apenas aguardando o restabelecimento de sua rotina passada. À medida que o tempo avança, a esperança esmorece e dá lugar a uma mistura de raiva, saudade e obsessão.

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Qual título você quer no próximo Clube do Livro?

E lá vamos nós para o nosso 4º Clube do Livro! 🙂 Já tivemos por aqui leituras emocionantes de vários cantos do mundo – Nigéria, Bielorrússia e França. Fomos dos dias atuais aos anos 80 e depois ao século XIX, conhecendo culturas e estilos de escrita totalmente diferentes.

A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie nos cativou com seus personagens fortes, como Tia Ifeoma e Kambili. Hibisco Roxo é um livro que aborda temas fortes e necessários de forma envolvente, muito próxima do leitor. Foi uma estreia e tanto para o nosso Clube do Livro.

Em seguida, foi a vez de outra escritora que confirma o poder feminino na literatura. A bielorrussa Svetlana Aleksiévicth nos rendeu a impactante leitura de Vozes de Tchernóbil. A academia sueca não se enganou nem um pouco ao lhe dar o Nobel de Literatura em 2015. Ela se destaca pela coragem de contar uma tragédia a partir de um olhar mais humanizado, que vai além da História, e também pela escrita original, que tem como premissa a valorização da voz de quem viveu, e não apenas observou, o desastre. Terminamos esse clube já querendo ler os outros títulos da autora!

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