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Da leitura à escrita

Estou lendo Reparação, de Ian McEwan. Ainda não passei da metade do livro, mas o romance já me estimulou a refletir sobre um tema que sempre me instigou – a relação entre a leitura e a escrita.

Briony Tallis, a personagem central da história, é uma pré-adolescente que ambiciona a carreira de escritora. Em várias passagens, McEwan descreve como a necessidade de expressão pelas palavras a invade com uma força incontrolável:

Presa entre o impulso de escrever um relato simples das experiências daquele dia, como num diário, e a ambição de fazer a partir delas algo maior, algo elaborado, autônomo e obscuro, passou vários minutos olhando, de testa franzida para a folha de papel e a citação infantil nela escrita, sem conseguir produzir mais nenhuma palavra. As ações, ela se julgava capaz de relatar direito, e diálogo era o seu forte. Sabia descrever a floresta no inverno e a aspereza do muro de um castelo. Mas o que fazer com os sentimentos?

Desde criança, o hábito da escrita acompanha minha paixão pela leitura. Uma das minhas maiores nostalgias são os diários. Tenho vários da minha infância e pré-adolescência, daqueles ainda com pequenos cadeados e chaves, lembram? Conservo o costume das agendas em papel, para relatar, nem que com breves frases soltas, um pouco dos acontecimentos relevantes do meu dia. A escrita é para mim como a foto é para alguns: uma forma de eternizar lembranças.

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A importância dos livros ruins

Na semana passada, com a divulgação da quarta edição dos Retratos da Leitura no país, nos deparamos mais uma vez com a triste, mas não muito surpreendente, notícia de que o Brasil é um país que lê pouco e que esse pouco é de uma qualidade bastante duvidosa.

Segundo o levantamento, 44% dos brasileiros simplesmente não leram nenhum livro nos últimos três meses. O livro mais citado, não tem concorrência, é a Bíblia. Entre as obras mais marcantes, temos o onipresente O Pequeno Príncipe e também alguns títulos juvenis, como Cidade de Papel. Em quinto lugar, não muito longe da Bíblia, apareceu Cinquenta Tons de Cinza, como bem reparou uma amiga. Brasil, o país dos contrastes.

Definitivamente, não são o que o romancista americano Jonathan Franzen chama de “livros sérios”. No entanto, acredito fortemente que os livros não tão bons assim – e até mesmo os ruins – tem um importante papel na formação de leitores. Afinal, ninguém começa a vida lendo Flaubert. 

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