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[Resenha] O Mar

Quando o passado oprime o presente e se impõe como único caminho possível para o futuro não resta muita saída a não ser a memória. Em O Mar, do premiado escritor irlandês John Banville, Max Morden é um velho historiador de arte que busca na cidade de veraneio de sua juventude o calmante para a angústia que o abateu desde a morte da esposa, Anna.

Banville imprime na narrativa o ritmo oscilante da memória: de um parágrafo a outro, sem preâmbulos, o leitor passa de observador do adolescente Max a espectador do introspectivo viúvo.

Max refugia-se na mesma casa, hoje transformada em uma pensão, onde conheceu, há muitos anos, os gêmeos Chloe e Myles, filhos do exuberante casal Grace. As diferenças sociais – claramente marcadas pelo fato de Max e seus pais se instalarem em um humilde chalé e os Grace, em uma bela casa de aluguel – não impedem que as crianças estabeleçam uma espécie de amizade, ou melhor, um companheirismo de verão.

A paixão platônica e adolescente que Max nutria pela Sra. Grace foi o que o levou a se aproximar dos gêmeos – eles eram seu passaporte de entrada para a casa e para intimidade daquela família. Logo, esse sentimento, tão intenso quanto efêmero, é esquecido e dá lugar a outra paixão.

A memória que Max desperta remete à formação de sua identidade. À medida que a narrativa avança, fica claro que não são apenas lembranças ao léu. Os fatos que ele recorda marcaram, de maneira incontornável, sua existência.

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[Resenha] Brooklyn

Romances também têm estado de espírito. Não é sempre que queremos nos afundar em livros como É Isto um Homem, de Primo Levi. Há horas que o mundo pede uma leitura mais reconfortante e delicada. E Brooklyn, do irlandês Colm Tóibín, cumpre esse papel com perfeição.

Isso não significa que o enredo seja leve ou floreado, mas os acontecimentos na vida de Eilis Lacey, uma jovem irlandesa que acaba migrando para os Estados Unidos, são tão sutis que o grande tema do livro por vezes parece secundário. No entanto, não se deixe enganar. Como o próprio Toíbin disse certa vez,  “Brooklyn trata do que acontece quando um imigrante é estrangeiro em seus dois países, inclusive em si mesmo”.

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