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[Resenha] O Conto da Aia

Imagine um mundo no qual as mulheres são divididas em categorias, não podem mais ler nem escrever sob pena de ter a mão cortada, e no qual o amor e a paixão são crimes contra o objetivo primordial do Estado: a reprodução. Foi esse futuro distópico que a canadense Margaret Atwood descreveu em O Conto da Aia, o clássico lançado em 1985 que acumula milhões de exemplares vendidos nos últimos 30 anos, além de ter sido traduzido para mais de 40 idiomas. Em junho, O Conto da Aia ganha nova edição no Brasil, pela Rocco.

Poucas vezes se falou tanto de um livro lançado há mais de três décadas. O influente clube do livro de Emma Watson, com fóruns de discussão no Goodreads e em perfis do Instagram,  por exemplo, escolheu O Conto da Aia como leitura para o mês de maio, o que só fez aumentar o debate em torno do título.

É claro que a série televisiva, uma produção americana resultado da parceria entre as emissoras MGM e Hulu, contribuiu para o fenômeno, mas o que parece ter levado as atenções a se voltar para esse romance é mesmo a ascensão da extrema-direita nos Estados Unidos, cujo símbolo maior foi a eleição de Donald Trump para a presidência no fim do ano passado.

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[Divã] Domínio da linguagem

Após a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, muito se falou e escreveu sobre o aumento da procura por livros que retratam um futuro distópico, com Estados totalitários assumindo poder absoluto sobre cidadãos.

Assim, dispararam as vendas de 1984, o clássico escrito por George Orwell sobre um governo hiperautoritário capaz de monitorar – e controlar – cada passo de seus cidadãos.

Publicado em 1932, Aldous Huxley imaginou, em Admirável Mundo Novo, um planeta dividido em dez grandes regiões administrativas, com definições categóricas das funções de cada um na sociedade. Os menos dotados vão para o trabalho braçal, outros são destinados a comandar. Os avanços da ciência passam a ditar o destino de cada um, sem espaço para surpresas, para o imponderável, o imprevisível.

Mais recentemente, até por causa do seriado que está sendo transmitido nos Estados Unidos com base no livro, quando se pensa em futuro distópico, não se fala em outra obra que não seja O Conto da Aia, de Margaret Atwood. Empolgante na mesma medida em que é absolutamente assustador, a escritora canadense descreve um mundo em que as mulheres perderam qualquer direito ou liberdade.

O Estado patriarcal que assumiu os Estados Unidos divide essas mulheres em esposas, aias ou serviçais: as que não se encaixam nesses perfis são enviadas para as Colônias, no qual se encarregam de limpar rejeitos radioativos. O acesso à informação foi quase totalmente extinto. A leitura foi banida, e a comunicação é estritamente controlada.

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