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[Resenha] Sepulcros de Vaqueiros

Sepulcros de Vaqueros (Alfaguara, 196 páginas, ainda sem tradução para o português) é um deleite para os leitores iniciados na obra do chileno Roberto Bolaño. Com várias referências a outras produções do escritor, as três histórias que compõem essa publicação póstuma – PatriaSepulcros de Vaqueros e Comedia del Horror de Francia – datam dos anos 90 e 2000.

Todas trazem temas caros à escrita de Bolaño – a violência, a ditadura chilena, a América Latina, a juventude, a literatura e a ficção científica. A resistência aos finais definitivos, característica marcante em seus romances, ganha ainda mais força nessas narrativas curtas.

Por serem textos que, provavelmente, ficaram sem conclusão ou foram aprimorados posteriormente em obras de maior fôlego, nas três histórias dessa coletânea, é possível assistir aos bastidores da escrita de um grande autor. Nessas narrativas, embora não se encontre o crème de la crème de sua literatura, desfruta-se um Bolaño mais livre e não menos genial.

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[Resenha] Trilogia de Juan Pablo Villalobos

Não são apenas títulos curiosos e capas bonitas. A trilogia do escritor Juan Pablo Villalobos – composta por Festa no Covil, Se Vivêssemos em um Lugar Normal e Te Vendo um Cachorro, propõe uma viagem ao México – por meio de narrativas nada óbvias e uma escrita bastante original.

O primeiro volume da série, Festa no Covil, foi um grande sucesso. O tema não é nenhuma novidade quando se fala de literatura ou outras produções artísticas latino-americanas. Quantos filmes, séries, livros-reportagem ou romances você já viu sobre o narcotráfico? Pois é, existem vários.

Villalobos se destaca pela abordagem que escolheu. O livro é narrado por uma criança, Tochtli, filho de Yolcaut, um chefão do tráfico que oscila entre a vontade de proteger o menino da crueldade de seu meio e a necessidade de formar um herdeiro para aquele “império”. O olhar inocente de Tochtli dá aos fatos mais brutais um aspecto ao mesmo tempo cômico e assustador:

Uma das coisas que aprendi com Yolcaut é que às vezes as pessoas não viram cadáveres com uma bala. Às vezes precisam de três balas ou até de catorze. Tudo depende de onde você atira. Se você atira duas balas no cérebro, com certeza elas morrem. Mas você pode atirar até mil vezes no cabelo que não acontece nada, apesar de que deve ser bem divertido de ver. Eu sei dessas coisas por causa de um jogo que eu e o Yolcaut costumamos jogar. O jogo é de perguntas e respostas. Um fala uma quantidade de tiros e uma parte do corpo, e o outro responde: vivo, cadáver ou diagnóstico reservado.

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[Resenha] Diga o Nome Dela

imagem pacífico

Seguir em frente pode significar deixar tanto para trás que se torna insuportável. Em Diga o Nome Dela, o escritor americano Francisco Goldman enfrenta com maestria um sentimento tão paradoxal e particular ao luto. Se desfazer de objetos, roupas e livros é difícil porque aos poucos se percebe que será preciso se deparar com uma segunda morte, às vezes até mais dolorosa, que é a das memórias.

Embora seja um autor razoavelmente conhecido nos Estados Unidos, colaborador da The New Yorker, Goldman teve apenas este livro traduzido e publicado no Brasil, pela Cia da Letras. Conheci a história nas páginas da revista piauí, e fiquei com aquele texto ecoando na minha cabeça por semanas – gosto, não sei bem explicar por quê, de histórias de grandes amores e finais tristes.

Meses depois, encontrei-o dando sopa em uma feirinha de livros na redação. No excerto do livro publicado pela piauí, Goldman conta como conheceu sua jovem esposa, Aura, como a pediu a esposa em casamento, os temores dela sobre a probabilidade de ficar viúva jovem (a diferença de idade entre os dois era de 20 anos) e encerra o texto com sua morte prematura.

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