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[Resenha] A Viagem do Elefante

Em 1551, o rei português dom João III, e sua mulher, Catarina d’Áustria, decidiram oferecer um presente inusitado ao arquiduque Maximiliano II, por seu casamento com a filha do imperador Carlos V: um elefante.

A história real do mamífero que saiu de Goa, passou por Portugal, Espanha, Itália, atravessou os Alpes para enfim chegar na Áustria ganha ares de fábula nas mãos de José Saramago, em A Viagem do Elefante (Companhia das Letras, 260 páginas).

Confesso que o enredo, normalmente, não atrairia minha atenção, mesmo sendo uma obra do consagrado autor português, de quem gosto muito, embora ele tenha aparecido pouco aqui no blog. Mas, em um aeroporto, acabei seduzida pela caligrafia de Wagner Moura, que assinou a capa para a edição especial vendida exclusivamente pela Livraria Saraiva.

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[Resenha] Galveias

Com um enredo embalado pelo cotidiano e uma prosa que flerta com a poesia, o romance Galveias, do escritor português José Luís Peixoto, extrai beleza e sabedoria da simplicidade de um povoado esquecido no Alentejo, no interior profundo de Portugal.

O livro começa com um fato extraordinário. A pequena Galveias é acordada por estrondos misteriosos, vindos do espaço, em uma noite de janeiro de 1984. Uma “coisa sem nome” atinge a Terra e deixa na cidadezinha uma cratera que exala o cheiro forte de enxofre.

Ninguém tinha respostas. Do Queimado à Amendoeira, no Alto da Praça, na Deveza, na Fonte, as ruas estavam cheias de gente a expulsar de dentro de si o susto. Sob o trauma dos estrondos e o cheiro a enxofre, falavam sem parar. Perdiam o sentido, mas não perdiam a oportunidade. (…) Quando parecia que estavam compenetrados, não estavam realmente a ouvir, estavam só à espera de vez, à espera de um bocadinho vago para entrarem com o que tinham a dizer.

Em meio a essa afobação, é apresentado o povo galveense cujas histórias se desenrolam nas próximas páginas. São diversos personagens: o padre bêbado, o único médico da cidade, a prostituta padeira, a professora recém-chegada, os irmãos que não se falam há décadas, entre outros. Até os cachorros têm papel importante nos causos que afetam a vida no vilarejo! Cada capítulo dá conta de uma anedota que, em algum momento, desemboca na noite fatídica em que o cheiro de enxofre impregnou Galveias.

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Eu visito livrarias

Eu visito livrarias. É isso mesmo: ir à livraria para mim é mais do que sair para fazer uma compra, é um programa de lazer, é turismo. Lógico que, dificilmente, saio de lá sem uma sacolinha que seja, mas consigo passar horas andando pelos corredores, admirando as estantes, tentando entender sua organização (que às vezes não existe) e lendo orelhas de livro ao acaso.

Gosto de livrarias grandes, pela variedade que podem oferecer, mas tenho um carinho especial pelas livrarias pequenas. Vocês se lembram do filme Mensagem para Você?, com Tom Hanks e Meg Ryan? Pois bem, eu sou do tipo que prefere a loja da Kathleen, que é pequena e de bairro, à megalivraria de Joe Fox.

Me parece que o ambiente e a seleção de títulos nas livrarias menores tendem a ser mais acolhedores e interessantes. Acho que há um toque pessoal do dono nas escolhas dos livros que estão nas prateleiras e na organização. Pode ser que eu esteja imaginando tudo isso, mas se eu tivesse um pequeno negócio desse tipo, seria assim.

No entanto, para visitar livrarias é preciso ser um leitor independente e não atrapalhar o trabalho dos livreiros. Como, algumas vezes, só quero ver a capa do livro por curiosidade ou dar aquela folheada nas páginas, sentir o cheirinho de novo, eu mesma procuro e depois de olhar devolvo exatamente no mesmo lugar. Mudar livros de lugar não é permitido em turismo literário. Meu princípio é simples: não gosto quando bagunçam minha estante, por isso não farei isso com a dos outros!

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[Lista] 3 formas inusitadas de literatura

1. Na caixa: “Amigos, transeuntes, você que ficou intrigado por este objeto, pegue um livro, leia-o e deposite outro. Nada para comprar, nada para vender, apenas compartilhar ideias, emoções e conhecimento. É tempo do compartilhamento, não do dinheiro. A gratuidade não tem preço”. É assim que o projeto Enfin livres do coletivo francês La gratuité n’a pas de prix convida o público a participar de um troca-troca de livros. Espalhadas por vários lugares da cidade francesa de Aix-en-Provence, as caixas (como esta da foto) incentivam a leitura e o compartilhamento.

2. Na máquina: os três botões disponíveis na máquina, 1, 3 e 5, referem-se ao tempo, em minutos, que você levará para ler a história. Basta apertar um deles e esperar pelo texto impresso em um formato parecido com os recibos de supermercado ou extratos bancários, mas com um papel mais resistente. A ideia que levou à criação dos Distributeurs d’histoires courtes (Distribuidores de histórias curtas) surgiu em uma tarde de 2013 quando os fundadores da Short Édition (uma startup do mercado editorial, que lançou em 2011 uma plataforma para publicação de escritores amadores) estavam no intervalo do trabalho e decidiram comprar um snack em uma daquelas vending machines. Eles pensaram: por que não oferecer histórias em vez de doces e bebidas?

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