Tag: preconceito

[O Amor dos Homens Avulsos] Semana #6

Passamos da metade de O Amor dos Homens Avulsos, de Victor Heringer, e nas últimas páginas o amor de Camilo por Cosmim deixou o terreno das vontades para ganhar materialidade, com o primeiro beijo. Corajosos, em vez de se esconder os dois assumem a relação, primeiro para os amigos do bairro e depois para toda a gente do Queím. O choque, contudo, não vem da “cara amolecida” dos amigos, e sim das “caras velhas e das moças de família” do bairro, um dos trechos em que a capacidade do autor de construir julgamentos de forma tênue e sensível ficou mais evidente. Na próxima semana, avançamos até o capítulo 59, na página 127. Continue acompanhando com a gente essa leitura!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Passada a euforia da descoberta do primeiro amor, Cosme e Camilo têm um choque de realidade. As vulnerabilidades e o preconceito entram em cena quando a relação dos dois vem à tona.

Ao mesmo tempo em que o amor faz o garoto se sentir completo, a dependência em relação a Cosme o enfraquece. É como se esse sentimento tirasse Camilo da solidão, mas o ameaçasse a todo momento com ela. Bastava perder a pessoa amada para que tudo desmoronasse. E era um caminho sem volta: o amor era de tal forma o alcance da plenitude que retornar à situação de antes já não bastaria. Neste trecho, Heringer descreve as sensações que sucedem o primeiro beijo do casal e, desenvolve, brilhantemente, essa dicotomia:

Leia mais

[Resenha] O Sol É Para Todos

Atire em todos os que você quiser, se puder acertá-los, mas lembre-se que é um pecado matar uma cotovia.

To Kill a Mockingbird, o título original do livro da americana Harper Lee, foi traduzido em português para o insosso O Sol É Para Todos. Perdeu-se muito do simbolismo original, já que a cotovia é um das metáforas do livro para a inocência, ou a perda dela, o tema central de um dos livros mais populares dos últimos 50 anos.

Quando recebe a recomendação acima de seu pai, Scout, a narradora do livro, uma menina alegre, esperta e indagadora de seis anos,  se dá conta de que esta é a primeira vez que o ouviu falar em pecado. Atticus Finch, seu pai, não é um cidadão comum de Maycomb, a pequena cidade do Alabama onde se passa a história. Ao contrário da maioria dos habitantes do vilarejo, Atticus Finch é um homem pouco dado a convicções religiosas, mas tem fortes regras morais. E uma delas é que prejudicar, de qualquer forma, alguém mais fraco ou com menos poder de defesa é um pecado sem expiação.

Atticus é diferente dos demais por muitos outros fatores. Em uma das passagens mais engraçadas (fofas mesmo, eu diria, e o livro é ótimo por ser recheado delas) de O Sol é para Todos, Scout e Jem, seu irmão mais velho, se questionam sobre as habilidades do pai. Ele não é um herói comum. Aos cinquenta anos, é muito mais velho do que a média dos pais de seus colegas na escola. “Nosso pai não fazia coisa alguma”, reclama Scout. Ele não joga bola, já é um pouco cego e usa óculos, não gosta de caçar, de beber ou de fumar.  Sua atividade principal? “Ele se sentava na sala de estar e lia”. Não tem como não simpatizar, não é?

Leia mais

© 2024 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑