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“Notei que tinha posto uma cadeira justamente para que eu ficasse mais confortável: quanta deferência por quem tinha estudado, estudar era considerado o truque dos rapazes mais espertos para se furtar ao trabalho duro. Como posso explicar a essa mulher – pensei – que desde os seis anos de idade sou escrava de letras e números, que meu humor depende do êxito de suas combinações, que essa alegria de ter feito bem é rara, instável, que dura uma hora, uma tarde, uma noite?”

 

Elena Ferrante em
História de Quem Foge e de Quem Fica

[Lista] 5 séries de livros que merecem lugar na estante

Além de ficarem lindas na prateleira, as séries são uma ótima pedida para aquele leitor que ama acumular livros e se sente órfão quando vira a última página de um romance. Na lista de hoje, separei quatro trilogias e uma tetralogia que merecem um (bom) espaço na sua estante:

1. História do Pranto, História do Cabelo e História do Dinheiro, de Alan Pauls: nessa trilogia, de títulos tão peculiares quanto a narrativa que anunciam, Pauls aborda de maneira muito original uma década complexa e pesada da história argentina – os anos 70.

A partir da lágrima, do cabelo e do dinheiro – gatilhos aparentemente banais e que se assemelham por serem elementos que estamos fadados a perder – Pauls disseca a sociedade argentina do período em uma estrutura narrativa desafiadora e brilhante, que não se baseia na ordem cronológica, mas sim nas conexões de sentimentos e nos arroubos da memória.

Os três livros podem ser lidos aleatoriamente, mas quem seguir a ordem de publicação será premiado com uma curva ascendente de qualidade. História do Dinheiro, fechamento da trilogia, é o meu preferido:

Aquela que perdeu tudo perdeu muito mais que sua fortuna. Perdeu a margem preciosa de tempo que sua fortuna lhe concedia, esse intervalo, essa espécie de colchão mágico que a separava de uma experiência imediata das coisas. Perder tudo a condenou a um inferno pior que a pobreza: o inferno de viver no presente.

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[Resenha] História da Menina Perdida

Depois de alguns meses de espera, enfim chegamos ao desfecho da série napolitana de Elena Ferrante, com a publicação de História da Menina Perdida. Depois de três livros centrados na infância, na adolescência e na juventude de Elena e Raffaella, ou Lenú e Lila, como já nos habituamos a chamá-las, o quarto volume da série alcança as duas na maturidade e, depois, na velhice.

O laço que as une continua a funcionar como uma espécie de força gravitacional, que as aproxima e as repele, a depender das condições externas. Elena tenta escapar dessa misteriosa atração jogando-se nos braços de seu amor de infância, Nino, como ela nos informa já na frase de abertura do livro.

A partir de outubro de 1976 até 1979, quando voltei a morar em Nápoles, evitei estabelecer uma relação estável com Lila. Mas não foi fácil. Ela procurou quase imediatamente entrar mais uma vez à força em minha vida, e eu a ignorei, a tolerei, a suportei.

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“(…) era provável que de fato não estivesse mirando nada específico. Ela era assim, rompia equilíbrios somente para ver de que outro modo poderia recompô-los.”

Elena Ferrante em A Amiga Genial

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