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[Laços] Semana #2

O ótimo prefácio da escritora Jhumpa Lahiri elevou nossas expectativas em relação a Laços, de Domenico Starnone! A sofisticação narrativa e a temática universal evidenciadas em sua análise já deram mostras nessa primeira parte do romance. O difícil é interromper a leitura, rs! Para a próxima semana, avançamos até a página 57.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O início de Laços já é inquietante. A prosa de Starnone aguça a curiosidade, incomoda e envolve o leitor.

A história da família protagonista é introduzida pelas cartas da esposa a Aldo, o marido que a abandonou. Em pouco menos de vinte páginas, Starnone percorre com uma força narrativa admirável os vários estágios de uma separação dolorosa. Primeiro, as tentativas de compreensão. Em seguida, a raiva, o desespero e a apatia misturada à exaustão.

Assim como a autora das cartas, queremos entender o que aconteceu. Começamos desconfiados, com uma curiosidade mais racional, apenas buscando desvendar a trama. Mas, não demora muito, a angústia que transborda do relato da narradora nos contagia. Nem bem entrou na história, já sentimos um desafeto pela figura de Aldo.

Ele aparece como alguém egoísta, que não sabe bem o que quer e não hesita em afundar as pessoas próximas em sua confusão. Os trechos em que a esposa tenta encontrar uma explicação para a partida do marido trazem algumas reflexões interessantes que se aplicam a qualquer relação humana, não apenas ao casamento.

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[Resenha] O Vendido

Pode ser difícil de acreditar vindo de um negro, mas eu nunca roubei nada. Nunca soneguei impostos nem trapaceei no baralho. Nunca entrei no cinema sem pagar nem fiquei com o troco a mais dado por um caixa de farmácia indiferente às regras do mercantilismo e às expectativas do salário mínimo.

As primeiras frases de O Vendido, de Paul Beatty, são um aperitivo do humor sarcástico e um tanto perturbador que marca praticamente todas as páginas desse romance, ganhador do Man Booker Prize no ano passado. Narrado em primeira pessoa por Eu, um garoto negro de um bairro pobre na região da Califórnia, o livro começa com seu julgamento perante a Suprema Corte dos Estados Unidos.

Os crimes de que Eu é acusado são verdadeiramente hediondos: escravizar um funcionário e promover a segregação racial na cidade de Dickens. A realidade, porém, é que Hominy, o escravo, não trabalha nem 15 minutos por dia e fez de tudo para que Eu o aceitasse em sua servidão, argumentando até mesmo que “a verdadeira  liberdade é ter o direito de ser escravo”.

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