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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #13

Após quatro edições do Clube do Livro do Achados & Lidos, não exageramos ao dizer que A Máquina de Fazer Espanhóis foi o título que, em todas as semanas, nos rendeu, sem dificuldade, posts cheios de reflexões. A escrita de Valter Hugo Mãe consegue ser certeira em dez páginas, cinco, um parágrafo ou duas linhas. Por menor que fosse o trecho lido, sempre encontrávamos espaço para uma análise válida. Esperamos que vocês tenham apreciado a leitura tanto quanto nós e que nosso objetivo de conseguir ainda mais leitores para Hugo Mãe tenha sido alcançado. 

E fique ligado: a quinta edição do nosso Clube de Livro começa em janeiro! Escolhemos um título que foi um dos grandes lançamentos de 2016 e muito bem avaliado pela crítica. Enquanto esperamos o início do próximo ano, vamos fazer uma edição relâmpago do Clube com uma leitura temática natalina: o conto A Missa do Galo (Variações sobre o mesmo tema), de Lygia Fagundes Telles. Vocês podem encontrá-lo na coletânea A Estrutura da Bolha de Sabão. Esperamos vocês!

E, como já fizemos anteriormente, abrimos espaço para que os leitores que nos acompanharam ao longo dessa leitura pudessem compartilhar o que acharam do livro. Ficamos muito felizes com a participação de vocês!

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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #7

Estamos apreensivas: o que terá acontecido no Lar da Feliz Idade? Depois de testemunhar o sofrimento do amigo Esteves e remexer em algumas memórias, António é surpreendido por uma notícia horrorosa, que descobriremos na leitura da próxima semana de A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe. Avançamos mais dois capítulos – até a página 175, se você tem a edição da Biblioteca Azul, ou até a página 161, se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Prestes a completar 100 anos, em vez de ganhar um presente, Esteves recebeu um castigo: a mudança de quarto. Perdeu o direito à vista esperançosa das crianças a esbanjar juventude e se viu obrigado a dividir o espaço com o senhor Medeiros, dono de um corpo inerte, não fosse pelo olhar e pelos gemidos inquietantes.

o esteves dizia que já muito tempo havia passado, e que aquilo era um desrespeito pelo seu centésimo aniversário. uma data tão bonita, uma vitória tão grande do seu espírito sobre a vida, e o feliz idade fazia-lhe aquela desfeita, metendo-o à varanda do cemitério para se convencer a desistir mais depressa.

Não é a primeira vez que percebemos no romance a ideia da vida como uma luta constante. O verbo “desistir” nesse contexto vem bem a calhar. Viver é um ato de bravura, mais ainda quando a velhice já é um fato, como no caso do amigo centenário de António.

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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #6

Transcorrido um ano desde que António está no Lar da Feliz Idade, a dor da perda de Laura vai, aos poucos, se transformando em saudade e permitindo que nosso casmurro narrador volte a se sentir aquecido sob o sol. Para a próxima semana, avançamos mais dois capítulos na leitura de A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe – até a página 154, se você tem a edição da Biblioteca Azul, ou até a página 140, se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O cemitério, quase um personagem de A Máquina de Fazer Espanhóis, volta a aparecer no nono capítulo.  Dessa vez, ao contrário da outra visita descrita no livro, em que António não conseguiu nem chegar perto do lugar, o que lhe chama atenção é a mesmice das paisagens, das placas, das fotografias já apagadas: a igualdade de todos perante a morte.

tanta cultura e tanta fartura e ao pé da morte a igualdade frustrante e a mesma ciência. sabemos todos rigorosamente uma ignorância semelhante.

O lugar em que Laura está enterrada, como não poderia deixar de ser, também é exatamente igual aos outros, sem nada que a diferenciasse da última morada dos demais naquele cemitério. Para António, aquilo não deixa de ser um choque, mais uma constatação da perda da esposa, que sempre havia se diferenciado dos demais e se fazia notar ao entrar em uma sala, pela força de sua beleza interior e de seus gestos.

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[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #3

Acompanhar os dias de António no Lar da Feliz Idade não é tarefa fácil para os mais sensíveis. :’( Nesta próxima semana, avançamos mais dois capítulos na leitura de A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe – até a página 91, se você tem a edição da Biblioteca Azul, ou até a página 77, se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Depois de um começo arrebatador em que a dor da perda é seguida pelo trauma da internação em um lar para idosos, a cena mais emblemática do terceiro capítulo de A Máquina de Fazer Espanhóis é aquela em que António descreve o pesadelo que o assola.

A figura onírica dos pássaros devoradores, que invadiam o quarto para bicar seu corpo adormecido, é assustadora e, ao mesmo tempo, uma tradução clara do estado de espírito de António:

subitamente debicavam-me o corpo e eu ia permanecendo vivo e, até não ter corpo nenhum, a consciência não abandonava. eu agoniava por achar que a morte não dependia do corpo, condenando-me a padecer daquela espera para todo o sempre. o estupor do corpo já desfeito e a morte sem o perceber, sem fazer o que lhe competia por uma crueldade perversa que eu nunca previra.

“o estupor do corpo já desfeito e a morte sem o perceber” – essa é a vida de António desde a partida de Laura e a chegada ao lar. Ele passa os dias à espera de um golpe de misericórdia da morte. Leia mais

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