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A prova dos calhamaços

Terminar um livro extenso está entre as maiores vitórias de um leitor. Os que ultrapassam as mil páginas ou têm mais de um volume dão um orgulho extra. Se é um clássico, então, é motivo para você começar toda conversa literária citando sua conquista.

Não sou maratonista, mas acredito que seja uma sensação parecida com a de um atleta ao concluir uma prova longa. Esse tipo de leitura exige concentração, perseverança e disciplina, e quando você vira a última página parece que todo o esforço valeu a pena.

São diversas as táticas para encarar uma leitura longa. Há quem leia metodicamente a mesma quantidade de páginas todos os dias. Há quem prefira seguir o ritmo da história. Eu sou um meio termo. Começo me planejando: “se eu ler x páginas por dia, termino em x dias”. Isso me anima no início, porque o que parece interminável ganha limites tangíveis. Mas a realidade é uma outra história. Os trechos morosos, bem como os mais excitantes, estragam qualquer planejamento.

Outro detalhe que pode atrapalhar bem o cronograma é de ordem prática. Quem consegue carregar Guerra e Paz na bolsa, por exemplo? Embora eu tenha vontade de mostrar a todos que estou lendo aquele calhamaço, a saúde da minha coluna me impede. Fato: não dá pra levar as leituras longas para todos os lados.

É preciso reservar um tempo em casa e preparar os braços, porque, dependendo da posição que você escolhe, a leitura se torna quase um exercício de musculação – levantamento de livro. Embora eu ame edições gigantescas com suas lombadas de letras garrafais que impõem respeito em qualquer estante, tenho que admitir que aquelas divididas em volumes são mais práticas.

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“O destino não tem bipe; o destino sempre fica ali encostadinho de capa de chuva num beco fazendo algum tipo de Psst que normalmente você nem ouve porque está correndo tanto para ou de alguma coisa importante que tentou produzir.”

 

David Foster Wallace em Graça Infinita

[Hibisco Roxo] Semana #2

Queridos leitores, para estimular o debate, decidimos publicar, em único post, um texto de cada uma sobre os três primeiros capítulos de Hibisco Roxo. Leiam e dividam conosco o que vocês acharam das páginas iniciais da leitura desta semana! Ah, e continuem no ritmo. Semana que vem,  vamos falar por aqui dos próximos dois capítulos do livro (até a página 79, na edição da Companhia das Letras).

Por Tainara Machado

Não gosto de ler contracapas e nem orelhas de livros. Gosto da sensação de iniciar uma leitura sem saber muito bem o que esperar e ser surpreendida. Talvez devesse ter feito isso excepcionalmente para o Clube do Livro, mas mantive a tradição. E, nestas 42 primeiras páginas de Hibisco Roxo, não me arrependi.

Conheci a Chimamanda Ngozi Adichie em uma Flip há muitos anos e adorei Meio Sol Amarelo. Ele é contado a partir de três pontos de vista e tem, como pano de fundo, a guerra que se seguiu à tentativa de criação do estado independente da Biafra. É uma narrativa muito distinta de Americanah, o livro mais recente da Chimamanda. Nele, Ifemelu é uma menina nigeriana que parte para os Estados Unidos e, 15 anos, depois, já uma blogueira bem sucedida, decide voltar à Nigéria e buscar suas raízes.

Com obras tão diferentes no currículo, não sabia muito bem o que esperar de Hibisco, que na verdade foi escrito antes desses outros dois livros. O primeiro capítulo, porém, nos dá algumas pistas importantes e deixa marcados os conflitos que devem nortear a trama.

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[Resenha] É Isto Um Homem?

Os personagens destas páginas não são homens. A sua humanidade ficou sufocada, ou eles mesmos a sufocaram, sob a ofensa padecida ou infligida a outros.

Esse trecho está em É isto um homem?, um daqueles livros que nos deixam pensativos, porque a última página está longe de ser o fim da história. Nele, o autor Primo Levi conta sua própria experiência como um judeu italiano em Auschwitz. Nenhuma das situações que ele relata é carregada de autopiedade ou sentimentos de ódio e vingança. Desde o título, Levi já dá o tom que pautará o livro: a perplexidade.

Perplexidade diante de até onde a humanidade pode chegar (e chegou), tanto os que infligem o sofrimento quanto os que o padecem. Em alguns momentos, parece até que falta emoção na narrativa de Levi. Mas como exigir emoção quando sua condição humana é colocada em xeque? Não é possível fazer alguém que acorda para viver compreender o que é acordar todos os dias para sobreviver.

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[Lista] 10 livros para ler em 2016

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1. Linha M (Patti Smith): Há alguns anos, a cantora e escritora Patti Smith escreveu Só Garotos,  em que fala de sua história ao lado do fotógrafo Robert Mapplethorpe. O livro foi bastante elogiado e peguei ele na mão várias vezes nas livrarias, mas acabei não levando. No ano passado, ela publicou Linha M, sobre perdas, memórias, melancolia. As críticas foram amplamente favoráveis e em breve chega a edição traduzida pela Companhia das Letras. Dessa vez não haverá hesitação na fila do caixa.

2. Minha Luta (Karl Ove Knausgard): Minha Luta é, na verdade, uma (longa) série autobiográfica, que tem início com A Morte do Pai. A New Yorker publicou recentemente um excerto do quinto livro, “Na Academia de Escrita”, e me entusiasmou a enfrentar as quase 3,5 mil páginas dos seis volumes. Vamos ver se não será mais um capítulo da série Eternos Começos.

3. Purity (Jonathan Franzen): Jonathan Franzen foi chamado de “o grande romancista americano” pela revista Time em 2010, quando a publicação colocou seu quarto romance, Liberdade, na capa. Cinco anos depois, o mestre em tratar de dramas típicos de famílias de classe média, volta com Purity,  sobre uma menina de 23 anos afundada em dívidas estudantis, sem saber o que fazer da vida. Ainda não ganhou tradução em português, mas não pretendo esperar até lá.

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