E enfim começamos nosso quarto Clube do Livro! Já estávamos ficando impacientes! A leitura desta semana de A Máquina de Fazer Espanhóis, de Valter Hugo Mãe, avança os dois primeiros capítulos, até a página 45, se você tem a edição da foto ou até a página 30 se você tem a edição da Cosac Naify.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Quando decidimos propor uma votação para o quarto Clube do Livro do Achados e Lidos, imaginamos que seria uma disputa apertada. Afinal, Elena Ferrante se tornou onipresente nas prateleiras dos mais vendidos nas livrarias e Daniel Galera não lançava um livro desde 2012, o equivalente a uma eternidade para seus leitores.

Qual não foi, então, nossa surpresa ao perceber que a maioria folgada dos votos estava sendo direcionada para Valter Hugo Mãe, com A Máquina de Fazer Espanhóis? Olhando mais de perto, porém, o sucesso desse autor português, nascido em Angola, não espanta.

VHM, como as redes sociais – da qual ele é usuário assíduo – costumam chamá-lo, foi elogiado por José Saramago, único escritor de língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, o que já deveria contar como uma estátua na estante. Ele também já acumula os Prêmios Saramago e Portugal Telecom.

Simpático, já visitou o Brasil algumas vezes. Em 2011, veio à Festa Literária de Paraty (Flip) e leu um belo texto  sobre sua relação com o país. Ano passado, em outra passagem por aqui, disse que o Brasil era a melhor coisa que os portugueses já fizeram. Estamos um pouco em dúvida sobre essa afirmação, especialmente se pensarmos que Portugal conta a seu favor com pastéis de nata, mas não há dúvidas de que o autor sabe ser carismático e conquistar seu público.

A escrita de Valter Hugo Mãe é poética em todas as suas manifestações. Seja em um post no Facebook , em uma legenda de foto no Instagram, em um discurso ou em um romance, o escritor impacta com a sua habilidade com as palavras. Hugo Mãe se caracteriza por embalar da forma mais bonita os pensamentos mais sábios. Sorte a nossa podermos lê-lo em nossa língua nativa. Hugo Mãe é daqueles que extraem de tal forma a beleza do idioma que tornam a tarefa da tradução uma missão quase impossível.

Sua paixão pela literatura transborda de seus escritos. Em uma palestra recente em São Paulo, no Fronteiras do Pensamento, ele falou um pouco sobre a importância da literatura para sua percepção do mundo. Escrever, para ele, é tão essencial quanto ler. Em certo momento, ele até chegou a brincar que as pessoas devem julgar que ele está caçando Pokemon pelas ruas, porque vai anotando seus pensamentos no celular. Uma boa dica para quem também aspira a arriscar umas linhas por aí.

Apesar dos seus pouco mais de 40 anos, Hugo Mãe é também um escritor prolífico. Além de um lindo livro infanto-juvenil – O Paraíso são os Outros -, ele tem mais outros sete títulos já publicados no Brasil. A temática principal são sempre as tragédias, as desigualdades, as injustiças – preocupações que aparecem com frequência também em seus posts na internet e em outros ensaios. A prosa, porém, é poética e nos ajuda a suportar a realidade.

Não queremos estragar a surpresa, mas pelo que nos dizem as sinopses, A Máquina de Fazer Espanhóis é um romance sobre “o amor, a velhice, a política, o passado vivido durante o período militar imposto por Salazar e a própria literatura”. Conhecendo um pouco o estilo de Valter Hugo Mãe, já vamos nos preparar para ouvir as mais duras verdades nas mais lindas palavras.
Animados?

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