Tenho me feito a pergunta do título desse post com frequência: para onde vai o tempo que antes eu conseguia dedicar à leitura?

A reflexão, claro, tem a ver com o fato que chegamos aos últimos dias de janeiro e eu li… só um livro até agora (a resenha de O Deus das Pequenas Coisas está aqui). A confissão um pouco embaraçosa para quem mantém um blog literário cujo propósito é justamente estimular as pessoas a ler mais serve justamente para me fazer pensar no que está atrapalhando minha rotina de leitora.

Bom, o primeiro culpado, sem dúvida, são as redes sociais. Vocês já devem ter esbarrado por matérias mostrando como você poderia ler 400 livros por ano se não perdesse metade da sua vida divagando pelo Instagram, não é?

O pior é que elas são, em grande parte, verdadeiras. Antes do advento do celular com internet, eu levava um livro para todos os lugares, no melhor estilo Rory, de Gilmore Girls. Hoje em dia, muitas vezes me pego divagando pelo celular na espera pela consulta, ou no ônibus, em vez de me dedicar ao livro que viaja comigo.

Essa perda de tempo incessante já ganhou até sigla: foma (fear of missing out, ou medo de estar por fora, em uma tradução livre). Se você checa o Facebook a cada cinco minutos ou rola a timeline do seu instagram até não ter mais novidades, é provável que você se encaixe no perfil.

Reconheço meu problema, mas isso não me livra  do vício. Enquanto escrevia esse texto, por exemplo, parei diversas vezes para checar minha redes, mesmo sabendo que eu tinha outras prioridades para o dia (também poderíamos dizer que eu estava procrastinando, mas essa é outra discussão).

A concentração para a leitura também fica mais difícil. Seja por cansaço, desatenção ou as mil tarefas do dia a dia, anda difícil conseguir ler, ainda mais clássicos, como me propus no início deste ano. Para superar esse momento, andei vasculhando outros blogs em busca de dicas para ler mais. Tem quem tenha suporte para ler almoçando, ou quem aproveite qualquer situação para avançar algumas páginas. Mas o que mais me surpreende é que muitos têm horários e metas bastante exigentes de leitura ao longo da semana. Uma hora de leitura antes de ir para o trabalho, mais uma durante o almoço, duas no fim do dia. Não há como não admirar a autodisciplina, mas acho que esse plano nunca funcionaria pra mim.

A leitura, como já disse aqui várias vezes, é uma atividade prazerosa, uma porta de escape da rotina, do trabalho, do mundo de prazos, metas e cobranças a que somos submetidos diariamente. Por isso, sempre foi uma atividade livre, descomprometida.

No entanto, notei que nos últimos tempos isso tem me levado a escolher romances menos desafiadores (o que não significa piores, que fique claro), menores e de linguagem mais acessível.

Como a meta para o ano é voltar para os clássicos, que andam meio escanteados há um tempinho, vou precisar de técnicas para ler mais!

Querem sugerir por aqui?

 

Tainara Machado

Tainara Machado

Acredita que a paz interior só pode ser alcançada depois do café da manhã, é refém de livros de capa bonita e não pode ter nas mãos cardápios traduzidos. Formou-se em jornalismo na ECA-USP.
Tainara Machado

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