Autor: Tainara Machado (página 3 de 38)

5 razões para ler e amar Gabriel García Márquez

Alguns autores batem carteirinha aqui no Achados & Lidos, como é o caso de Gabriel García Márquez. O autor colombiano, nascido na distante Aracataca em 6 de março de 1927, é um dos meus preferidos desde a adolescência, quando me apaixonei pelo romance de Florentino Ariza e Fermina Daza, os protagonistas de O Amor nos Tempos do Cólera. De lá para cá, me aventurei por outras obras e formatos também explorados pelo escritor, como as crônicas, as memórias e os contos. Paixões são difíceis de explicar, mas seu estilo único e a exuberância das narrativas e dos personagens são apenas algumas das razões para amar Gabo. Elencamos cinco, mas são infinitas as razões para amar a escrita de um dos maiores autores latino-americanos.

1. Ele tornou o realismo fantástico conhecido mundo afora:

Gabo costumava dizer que o que escrevia era apenas realismo. A realidade que era fantástica. Para nós, latino-americanos, tão acostumados com a máxima de que por vezes a realidade supera a ficção, essa não seria uma grande novidade.

Quem lê seus textos mais autobiográficos de fato encontra muitos dos personagens mais famosos de seus livros em suas histórias familiares, que o marcaram profundamente, especialmente o convívio com os avós.

Mas o que Gabo fez com maestria foi levar para o restante do mundo o realismo fantástico tão característico de nossa região, fruto da convivência de diferentes culturas, crenças e personalidades, em uma atmosfera por vezes onírica, mas totalmente apaixonante.

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[Resenha] A Cor Púrpura

A Cor Púrpura, de Alice Walker (José Olympio, 336 páginas) é um livro violento. Logo nas primeiras páginas, Celie, a personagem principal, é abusada sexualmente pelo pai, engravida e é dada em casamento para um vizinho que a maltrata. É também um livro recheado de ternura, de amor e de personagens que demonstram sua capacidade de reinvenção e, sobretudo, de afeto.

A linguagem simplória, com erros de ortografia e concordância cometidos pela narradora, que escreve cartas para a irmã desaparecida para combater a solidão, em um primeiro momento causa estranheza. Mas essa sensação inicial é logo substituída por uma crescente empatia pela personagem, com a qual desenvolvemos uma relação de intimidade.

Celie é a mais velha entre vários irmãos e, na tentativa de proteger a irmã mais nova, ela sofre constantes abusos sexuais do pai. Suas duas gravidez não desejadas terminam com os bebês sendo retirados de seu convívio, entregues para outras famílias. Quando sua mãe morre, o pai decide tirá-la terminantemente de casa, na tentativa de afastá-la da irmã mais nova, Nessie, dando-a em casamento para Albert, um fazendeiro da região que também cortejava sua irmã, que decide fugir em busca de uma vida diferente.

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“Ao chegar a uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos.”

 

 

Italo Calvino em As Cidades Invisíveis

[Divã] Feminismo virou palavrão?

Nas últimas semanas, tenho gostado muito de ouvir podcasts indo e vindo do trabalho. Já comentei aqui que cheguei atrasada nesta onda, mas estou tentando compensar o atraso. Um dos meus programas favoritos, neste breve período de vício, é o Maria vai com as outras, da revista piauí. Dedicado às mulheres e ao mercado de trabalho, a jornalista Branca Vianna traz, duas vezes por mês, entrevistas com algumas convidadas sobre o tema.

Nesta semana, para contar como é atuar em profissões historicamente masculinas, foram convidadas Adinaildes Gomes, dona de uma empresa de construção civil e motorista de aplicativo, e Karla de Souza, vigilante patrimonial. Anteriormente, para discutir o papel das mulheres na política, a jornalista conversou com as vereadoras Talíria Petrone e Patrícia Bezerra, e com a senadora Kátia Abreu.

São perfis bastante diferentes. Uma coisa apenas as une: todas elas, com a exceção de Talíria Petrone, responderam que não são feministas. Mesmo afirmando, como a senadora Kátia Abreu, que é necessário compensar a saia, o que não dá espaço para que as mulheres errem na política. Ou como Adinaildes, que enfrentou diversas barreiras e preconceitos para ser respeitada como empresária da construção civil.

O que nos leva, fatalmente, a uma pergunta: por que o feminismo virou um palavrão, que mais afasta do que aglutina, mesmo a quem claramente luta por direitos iguais?

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[Resenha] Carta a D.

O jornalista austríaco André Gorz conheceu Dorine em 1947, em Lausanne, na Suíça, pouco depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Como ele mesmo reconhece, o romance entre os dois era pouco provável. O que Dorine, uma bela e resoluta jovem inglesa, poderia querer com ele, um austrian jew, como o autor se define? Carta a D. (Companhia das Letras) que Gorz escreveu para a esposa depois de quase cinquenta anos juntos, busca retomar os alicerces dessa paixão, em talvez uma das mais memoráveis declarações de amor da literatura.

Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.

Mesmo sabendo que o amor é filosoficamente difícil de ser definido, Gorz tenta evocar os marcos de uma relação duradoura, buscando de certa forma explicar o inexplicável: porque nos apaixonamos por determinada pessoa, e não por outra, e porque continuamos a amá-la a vida inteira.

Um momento fundamental na vida do casal foi a decisão sobre o casamento. Para Gorz, uma burocracia que codificava juridicamente uma relação de amor. Para Dorine, o casamento tinha outro sentido:

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