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[Resenha] Tudo Pode Ser Roubado

Garçonete de um famoso restaurante em São Paulo, a personagem principal de Tudo Pode Ser Roubado, romance de estreia de Giovana Madalasso (Todavia Livros, 189 páginas), está sempre à espreita de breves encontros sexuais que possam terminar com objetos de valor sutilmente furtados.

Descrita como uma “sonhadora mequetrefe”, ela parece se importar pouco com o fato de levar uma vida que muitos poderiam caracterizar como sem propósito. Suas ambições momentâneas, depois de sair do “fungo”, o apartamento sem incidência de luz solar em que morou quando chegou a São Paulo, envolvem dar entrada no seu apartamento e não ser demitida do trabalho no restaurante, onde a galeria de alvos potenciais para seus roubos é extensa.  

Seu cotidiano vazio acaba sofrendo uma reviravolta quando é procurada por um tipo duvidoso. Chamado de Biel, o personagem, espécie de pilantra profissional, lhe traz uma proposta arriscada e inusitada: o roubo de um livro raro, usando suas táticas de sedução para subtraí-lo da casa de um professor. O colecionador que contratou os serviços do vigarista nos remete quase imediatamente a Charles Cosac, ex-dono da editora que levava o seu nome e de um sócio (Cosac & Naify). Descrito neste perfil do jornal Valor Econômico como um colecionador voraz de obras de arte, Cosac é de uma personalidade marcante, capaz de levar os dedos do avô falecido pendurados no pescoço.

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[Resenha] Meio Sol Amarelo

Em sua famosa palestra para o TedTalks, a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie falou do perigo da história única, da visão comum e unificada da história africana, um legado do colonialismo. Em Meio Sol Amarelo, livro de 2008 reeditado recentemente pela Companhia das Letras, a autora busca justamente dar voz e cores para a Guerra da Biafra, vista quase sempre por uma única lupa: como mais uma das tantas guerras civis que assolaram o continente.

O centro da narrativa é a casa de Odenigbo e Olanna em Nsukka, cidade universitária nigeriana. Odenigbo é um professor bem relacionado no campus, seguro de si, com voz ativa sobre a independência nigeriana, sobre costumes e heranças do colonialismo. Já Olanna é descendente da classe alta do país, filha de um influente empresário, mas que não se reconhece em seu meio familiar. O personagem mais empático, contudo, é Ugwu, que chega ainda muito novo para trabalhar na casa de Odenigbo, saído de um pequeno vilarejo no qual cada pedaço de peixe era disputado pela família. Seu assombro sobre os costumes descritos por sua tia nos cativa logo na primeira página:

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[Nossa Senhora do Nilo] Semana #7

A visita da rainha da Bélgica ao liceu foi a história central do último capítulo lido. A partir dessa anedota, Scholastique Mukasonga trabalha um tema universal e complexo – o perigo quando uma imagem se distancia demais da realidade que pretende representar. Para a próxima semana, avançamos mais um capítulo, até a página 231.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O retrato do presidente vigiando todas as casas ruandesas. As fotos dos astros ocidentais, capas de revista da época, fixadas nas paredes do dormitório das adolescentes. Os esforços para a perfeição durante a visita real. A rainha vestida de branco, sem uma manchinha sequer. O que esses trechos do último capítulo lido têm em comum? Todos eles acabam na discussão acerca do poder da imagem para construção da autoridade e para desconstrução de uma realidade.

Para o chefe de um Estado recém formado, ter o seu retrato nas casas dos cidadãos é uma forma de legitimação, ainda que muitos deles nem desconfiem do porquê desse ato. A imagem, embora não fale, está ali, marcando território e representando o poder e a lealdade.

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[Nossa Senhora do Nilo] Semana #2

Os dois primeiros capítulos de Nossa Senhora do Nilo, de Scholastique Mukasonga, nos deram uma ideia do contexto da narrativa. Conhecemos a história do liceu que dá título ao livro e, por meio dela, vislumbramos a história social e política do povo ruandês. Para a próxima semana, avançamos até a página 67.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Antes de introduzir de maneira mais detalhada os personagens, Mukasonga trabalha na descrição dos ambientes. A partir de algumas histórias como a da santa que nomeia o liceu e a da construção do colégio , entendemos a configuração da sociedade ruandesa de então.

Já notamos a sutileza da escrita de Mukasonga. Ela é uma exímia contadora de histórias e os fatos que envolvem sua ficção dificilmente aparecerão diretamente, sem ter uma anedota que os embale.

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Dicas da Imensidão] Semana #11

Chegamos ao fim de Dicas da Imensidão e o último conto nos surpreendeu por trazer uma temática diferente dos demais. O estilo narrativo e o poder da linguagem, porém, se mantêm.

O próximo título do Clube do Livro do Achados & Lidos será Nossa Senhora do Nilo, da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga. Já resenhamos outro livro dela aqui e contamos como foi sua participação na Flip. Fiquem atentos em nossas redes sociais, porque teremos o sorteio de um livro autografado por ela!

Mariane Domingos e Tainara Machado

Quarta-feira Inútil, como o próprio título prevê, acompanha um dia banal na vida de uma mulher. Não há grandes segredos, revelações ou memórias traumáticas como nas outras narrativas da coletânea, mas nem por isso o conto é menos impactante.

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