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[Lista] 5 séries de livros que merecem lugar na estante

Além de ficarem lindas na prateleira, as séries são uma ótima pedida para aquele leitor que ama acumular livros e se sente órfão quando vira a última página de um romance. Na lista de hoje, separei quatro trilogias e uma tetralogia que merecem um (bom) espaço na sua estante:

1. História do Pranto, História do Cabelo e História do Dinheiro, de Alan Pauls: nessa trilogia, de títulos tão peculiares quanto a narrativa que anunciam, Pauls aborda de maneira muito original uma década complexa e pesada da história argentina – os anos 70.

A partir da lágrima, do cabelo e do dinheiro – gatilhos aparentemente banais e que se assemelham por serem elementos que estamos fadados a perder – Pauls disseca a sociedade argentina do período em uma estrutura narrativa desafiadora e brilhante, que não se baseia na ordem cronológica, mas sim nas conexões de sentimentos e nos arroubos da memória.

Os três livros podem ser lidos aleatoriamente, mas quem seguir a ordem de publicação será premiado com uma curva ascendente de qualidade. História do Dinheiro, fechamento da trilogia, é o meu preferido:

Aquela que perdeu tudo perdeu muito mais que sua fortuna. Perdeu a margem preciosa de tempo que sua fortuna lhe concedia, esse intervalo, essa espécie de colchão mágico que a separava de uma experiência imediata das coisas. Perder tudo a condenou a um inferno pior que a pobreza: o inferno de viver no presente.

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[Lista] 5 livros com narradores marcantes

No Clube do Livro do Achados, estamos lendo Enclausurado, de Ian McEwan. O ponto alto desse romance é, sem dúvida, o irreverente narrador – um feto que testemunha, de seu casulo, o plano de assassinato do pai, arquitetado pela mãe e o amante. Embalada por essa trama, resolvi fazer uma seleção com os melhores narradores que encontrei em minhas leituras.

17.03.02_lista_narradores_barbery1. A Morte do Gourmet, de Muriel Barbery: Pierre Arthens, um famoso crítico de gastronomia, tenta em suas últimas horas de vida, na solidão de seu quarto, relembrar um sabor que o marcou, mas ficou nos limbos da memória.

Ele é apenas um dos narradores desse romance composto por múltiplas vozes – o próprio Pierre e pessoas que o conhecem reconstroem os caminhos desse personagem que sacrificou tudo para viver o prazer da boa mesa.

O texto de Barbery, na voz de Pierre, se destaca pela experiência sensorial que proporciona ao leitor. Sabores, culpas, memórias e aromas encontram a combinação perfeita nas palavras desse narrador:

Vou morrer em quarenta e oito horas – a não ser que esteja morrendo há sessenta e oito anos, e que só hoje tenha me dignado a notar. (…) Que ironia! Depois de decênios de comilança, de torrentes de vinho, bebidas alcóolicas de todo tipo, depois de uma vida na manteiga, no creme, no molho, na fritura, no excesso a toda hora sabiamente orquestrado, minuciosamente paparicado, meus mais fiéis lugares-tenentes, o sr. Fígado e seu acólito, o Estômago, portam-se maravilhosamente bem e é meu coração que me abandona. Morro de insuficiência cardíaca. Que amargura também! Recriminei tanto os outros por não o terem em sua cozinha, em sua arte, que nunca pensei que talvez fosse a mim que ele fizesse falta, esse coração que me trai tão brutalmente, com um desprezo mal disfarçado, tal a rapidez com que se afiou o cutelo…

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[Resenha] Trilogia de Juan Pablo Villalobos

Não são apenas títulos curiosos e capas bonitas. A trilogia do escritor Juan Pablo Villalobos – composta por Festa no Covil, Se Vivêssemos em um Lugar Normal e Te Vendo um Cachorro, propõe uma viagem ao México – por meio de narrativas nada óbvias e uma escrita bastante original.

O primeiro volume da série, Festa no Covil, foi um grande sucesso. O tema não é nenhuma novidade quando se fala de literatura ou outras produções artísticas latino-americanas. Quantos filmes, séries, livros-reportagem ou romances você já viu sobre o narcotráfico? Pois é, existem vários.

Villalobos se destaca pela abordagem que escolheu. O livro é narrado por uma criança, Tochtli, filho de Yolcaut, um chefão do tráfico que oscila entre a vontade de proteger o menino da crueldade de seu meio e a necessidade de formar um herdeiro para aquele “império”. O olhar inocente de Tochtli dá aos fatos mais brutais um aspecto ao mesmo tempo cômico e assustador:

Uma das coisas que aprendi com Yolcaut é que às vezes as pessoas não viram cadáveres com uma bala. Às vezes precisam de três balas ou até de catorze. Tudo depende de onde você atira. Se você atira duas balas no cérebro, com certeza elas morrem. Mas você pode atirar até mil vezes no cabelo que não acontece nada, apesar de que deve ser bem divertido de ver. Eu sei dessas coisas por causa de um jogo que eu e o Yolcaut costumamos jogar. O jogo é de perguntas e respostas. Um fala uma quantidade de tiros e uma parte do corpo, e o outro responde: vivo, cadáver ou diagnóstico reservado.

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[Lista] 5 livros para levar na bolsa

Critérios de escolha da próxima leitura podem variar bastante. Às vezes, estamos afim de nos dedicar àquele clássico, outras queremos voltar a um autor que adoramos ou então desbravar novos continentes. Mas há também aqueles momentos em que a ordem é a praticidade. Não sou adepta ao Kindle (tema para outro post) e, por isso, no dia a dia algumas perguntas de natureza prática são inevitáveis. Por exemplo, cabe na bolsa? É leve? Se for edição de bolso, ainda melhor. Se todas as respostas para as perguntas anteriores forem positivas, ainda falta a questão mais importante: é bom?

Para ajudar nesta escolha, selecionei cinco títulos que cabem na bolsa e quase não ocupam espaço. De quebra, vão te fazer ótima companhia no ônibus, no táxi e na sala de espera do médico (e ainda vão te poupar de uma lordose no futuro!).

1. A Revolução dos Bichos, George Orwell: Nesta fábula, Orwell prova que nem sempre um clássico precisa pesar mais de 500 gramas. Mais do que uma sátira do regime stanilista em vigor na União Soviética em 1945, quando o livro foi escrito, Orwell escreveu uma narrativa que coloca em xeque a capacidade de organizações políticas produzirem sonhos igualitários. Até agora, tem se provado mais do que acertado, já que todas as utopias neste sentido foram frustradas.

Na famosa história, um sonho de Mestre, um porco já mais velho, leva os animais a se revoltar contra as condições a que são submetidos na fazenda, com pouco para comer e condições terríveis de trabalho. Enxergam no homem a causa de todos os males, mas vão descobrir que há outro tipo de tirania possível, sob o comando do porco Napoleão. Ou, como resume o único mandamento a sobreviver à revolução dos bichos:

Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros.

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