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[Divã] Livros e memória afetiva

Tenho a impressão de que dentre as pessoas mais importantes da minha vida estão alguns livros.

O escritor português Valter Hugo Mãe disse essa frase durante uma palestra em São Paulo, no ano passado. Concordo totalmente. Os livros guardam mais do que a história dos seus personagens. Como bons amigos, eles carregam um pouco da nossa própria história.

Tenho o hábito de anotar na folha de rosto dos meus livros o mês e o ano em que concluí a leitura – além do registro, é uma forma de controlar minha pilha de não lidos, rs. De vez em quando, gosto de revirar minha estante olhando essas datas.

Apesar da decepção por ver que meu fôlego literário para calhamaços tem diminuído (saudade, vida de estudante), há outros sentimentos que me invadem. Alguns títulos me despertam memórias afetivas de certos períodos da minha vida.

Em março de 2011, terminei a leitura de 2666, de Roberto Bolaño. A obra-prima do escritor chileno é um livro denso, com uma narrativa violenta e perturbadora. Ainda assim é um dos meus romances favoritos. Provavelmente, porque era o que eu precisava naquele momento em que a espera por uma decisão me angustiava. A escrita de Bolaño me acompanhou por meses, preenchendo vazios e marcando minha memória sobre esse romance. Todos que me perguntam sobre 2666 recebem respostas entusiasmadas, seguidas de um “tem que ler!”.

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[Dicas da Imensidão] Semana #7

Na construção de nossa autoimagem, somos levados a acreditar no que não passa de aparência? Em Tios, sexto conto de Dicas da Imensidão, essa é a pergunta que Margaret Atwood parece fazer ao leitor, nas entrelinhas de uma história de sucesso. Está acompanhando a leitura conosco? Deixe seu comentário abaixo! Na próxima semana, vamos até a página 172, com o conto A Era do Chumbo.

Mariane Domingos e Tainara Machado

No sexto conto de Dicas da Imensidão, mais  uma vez Atwood descreve um arco narrativo que vai da infância à fase adulta, desenvolvendo as ambiguidades da personagem principal da história, Susanna.

O conto, intitulado Tios, começa com uma apresentação de sapateado de Susanna, na qual ela se apresenta sobre uma caixa de queijo com vestido de marinheira. Nesta cena, a autoconfiança da garota já é colocada à prova pelas tias, que a abraçavam e beijavam sem sinceridade. O que importava para a menina, contudo, era a opinião dos “tios”, os irmãos de sua mãe que se encarregam de sua criação após o desaparecimento de seu pai, na guerra.

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[Lista] 5 personagens trabalhadores

Para celebrar o 1º de Maio, comemorado em todo o mundo como Dia do Trabalho, prestamos homenagens a esses personagens que, assim como nós, pobres mortais, precisam enfrentar chefes, horários e as demais pressões da vida laboral.

Trabalhadores do mundo (da literatura), uni-vos!

1. Macabea, de A Hora da Estrela, de Clarice Lispector: A “delicada e vaga existência” diária de Macabea, a personagem principal desse clássico da literatura brasileira, é preenchida por sua função como datilógrafa, habilidade adquirida em um “curso ralo de como bater à máquina”.

Macabea, uma nordestina de dezenove anos que migrou para o Rio de Janeiro, leva uma vida miserável e sem perspectivas, em um trabalho em que o chefe chega a ameaçar mandá-la embora, mas desiste por sua ingenuidade e delicadeza. Seus dias são preenchidos com pensamentos fantasiosos sobre a infância, a fome e a vontade de ser quem não era.

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[O Amor dos Homens Avulsos] Semana #6

Passamos da metade de O Amor dos Homens Avulsos, de Victor Heringer, e nas últimas páginas o amor de Camilo por Cosmim deixou o terreno das vontades para ganhar materialidade, com o primeiro beijo. Corajosos, em vez de se esconder os dois assumem a relação, primeiro para os amigos do bairro e depois para toda a gente do Queím. O choque, contudo, não vem da “cara amolecida” dos amigos, e sim das “caras velhas e das moças de família” do bairro, um dos trechos em que a capacidade do autor de construir julgamentos de forma tênue e sensível ficou mais evidente. Na próxima semana, avançamos até o capítulo 59, na página 127. Continue acompanhando com a gente essa leitura!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Passada a euforia da descoberta do primeiro amor, Cosme e Camilo têm um choque de realidade. As vulnerabilidades e o preconceito entram em cena quando a relação dos dois vem à tona.

Ao mesmo tempo em que o amor faz o garoto se sentir completo, a dependência em relação a Cosme o enfraquece. É como se esse sentimento tirasse Camilo da solidão, mas o ameaçasse a todo momento com ela. Bastava perder a pessoa amada para que tudo desmoronasse. E era um caminho sem volta: o amor era de tal forma o alcance da plenitude que retornar à situação de antes já não bastaria. Neste trecho, Heringer descreve as sensações que sucedem o primeiro beijo do casal e, desenvolve, brilhantemente, essa dicotomia:

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[Lista] 5 famílias inesquecíveis da literatura

Não são poucas as histórias famosas que nasceram da trajetória de clãs poderosos, de disputas entre herdeiros ou de rivalidades entre famílias. A Lista da Semana traz cinco parentelas da literatura que vão fazer a sua família parecer a mais normal do mundo, rs. Confira!

17.04.24_lista_familias_61. Bonanno, em Honra Teu Pai, de Gay Talese: Há um tipo de família que é objeto de fascínio de grande parte do público contemporâneo. Estou falando da máfia, uma das matérias-primas mais queridas pela ficção dos nossos tempos. De livros a produções de TV e cinema, não faltam exemplos de narrativas que foram beber nessa fonte.

A obra de Talese é ainda mais chamativa por trazer uma história real. Honra Teu Pai é um clássico do jornalismo literário e foi o primeiro livro de não ficção a revelar a vida secreta da máfia. Em quase sete anos de pesquisa, Gay Talese teve acesso irrestrito ao clã Bonanno, um dos grupos que controlava Nova York.

Em um relato despido de romantismo, o jornalista reconstrói a saga dessa família, a partir do sequestro do patriarca “Joe Bananas” Bonanno, em 1964. Nesse momento, seu filho Bill Bonanno começa um embate pelo controle da própria família, justamente quando o papel do crime organizado se transformava na sociedade norte-americana.

Vale ressaltar que, quando o assunto é máfia, a palavra “família” ganha um sentido bem mais abrangente. Nos Estados Unidos, na década de 30, a máfia, que é de origem siciliana, foi reestruturada de uma forma empresarial moderna. Havia uma fraternidade nacional, com cerca de 5 mil homens, divididos entre 24 organizações separadas (“famílias”). Em Nova York, onde vivia quase metade desse contingente, havia cinco “famílias”, uma delas a dos Bonanno. Cada organização tinha suas peculiaridades, mas devia seguir as regras da fraternidade e respeitar alguns valores que destoavam totalmente de suas práticas criminosas, como podemos notar nesta conversa emblemática de Joe com seu filho:

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