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[Vozes de Tchernóbil] Semana #7

Reta final de Vozes de Tchernóbil! Para a próxima semana, terminamos a leitura do livro.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

O medo de ter sua história apagada do mapa e da memória é um dos temas de destaque nos depoimentos desse último trecho que lemos. Se voltarmos lá para o comecinho do livro, no capítulo em que Svetlana Aleksiévitch reúne algumas notícias sobre o desastre, logo no primeiro parágrafo, já percebemos que impedir esse esquecimento foi um dos principais estímulos da escritora:

Belarús… Para o mundo, somos uma terra incógnita – uma terra totalmente desconhecida. “Rússia Branca”: é mais ou menos assim que o nome do nosso país soa em inglês. Já Tchernóbil todos conhecem; no entanto, relacionam-no apenas à Ucrânia e à Rússia. Um dia ainda deveríamos contar a nossa história.

Ao longo do livro, identificamos uma série de motivos que levou os entrevistados a expor seus relatos a Aleksiévitch – tristeza, necessidade de compartilhar, indignação, sede de justiça, culpa e, finalmente, o medo de ser esquecido. E não se trata de um receio de ser apagado apenas como indivíduo, mas também como povo:

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“Não usamos palavras (e as palavras não se gastam) quando somos crianças. Eu nasci naquele tempo distante, muito longe dos adjetivos, dos substantivos. Eu não posso dizer, nem sequer pensar: admirável, imenso, poderio. Mas sou capaz de o sentir.”

J. M. G. Le Clézio em O Africano

[Resenha] Seminário dos Ratos

Você nunca termina um conto da Lygia Fagundes Telles e já sabe de cara o que pensar. Ou pelo menos não os reunidos em Seminário dos Ratos. Como escreveu o crítico Antonio Dimas no posfácio de Antes do Baile Verde, Lygia nos deixa sempre um filetinho de sangue escorrendo.

Nada muito profundo, mas o suficiente para incomodar, na hora e por extenso tempo, cravadas na memória. O suficiente para se lembrar de que, nas próximas vezes, você não deve se aproximar tão desguarnecido e confiante, porque o bote pode vir, quanto menos se espera, não se sabe de onde”.

Eu não me aproximei desguarnecida, embora esse tenha sido o primeiro livro da Lygia que li. Sei que isso não deveria ser dito assim, abertamente, em público, mas já havia ensaiado ler As Meninas inúmeras vezes e nunca passava da cena em que elas estão jogando conversa fora no quarto, logo no começo (já falei desse problema aqui).

Com os contos (e uns bons anos de distância da tentativa fracassada anteriormente) foi mais fácil, mas não menos impactante. Não é à toa que Lygia foi indicada pela União Brasileira de Escritores (UBE) para o prêmio Nobel de literatura deste ano. Em Seminários dos Ratos, de 1977, a autora, que fez 93 anos nesta semana, adota múltiplos pontos de vista, alterna entre fluxo de consciência e diálogo, entre passado e presente, tudo isso sem nunca perder o tom.

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“Nós dizemos de certas coisas que elas não podem ser perdoadas, ou que nunca vamos nos perdoar. Mas perdoamos – perdoamos o tempo todo.”

 

Alice Munro em Vida Querida

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