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“As pessoas são tão diferentes. Aprecio muito que o sejam. Fico a pensar se me acharão diferente também. Adoraria que achassem. Ser tudo igual é característica de azulejo na parede e, mesmo assim, há quem misture.”

 

Valter Hugo Mãe em O paraíso são os outros

[A Carta Roubada] Semana #1

Nesta semana, enquanto acontecia a votação para o título do nosso próximo Clube do Livro, passamos o tempo em ótima companhia! O conto A Carta Roubada de Edgar Allan Poe nos rendeu uma boa leitura. Para a próxima semana, vamos ler o clássico O Alienista, de Machado de Assis – outro contista de destaque. Leia conosco e comente no post de sexta que vem.

Ah, e o grande vencedor da votação para nosso próximo Clube do Livro foi Valter Hugo Mãe, com A Máquina de Fazer Espanhóis. Fique atento, porque dentro de alguns dias, vamos sortear um exemplar em nosso Instagram. Ainda não nos segue por lá? Estamos dando uma ótima razão para começar! 🙂

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Assassinatos e mistérios são centrais nos contos de Edgar Allan Poe. Há quase sempre alguma cena de terror, derramamento de sangue, cenários sombrios. A Carta Roubada, conto sugerido por nosso leitor Eliseu e que está no livro Histórias Extraordinárias, foge desse padrão por ser menos obscuro, mas, nem por isso, carece do suspense típico das obras de Poe.

A princípio, a trama é bastante simples. Dois amigos conversam e divagam na pequena biblioteca de um deles em Paris, em um período não muito definido no século XIX, quando são interrompidos pelo comissário da polícia parisiense, monsieur G. Seu caso, diz, é “simples e esquisito”, mas a polícia não consegue resolvê-lo.

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[Resenha] Mudança

Incitado por um editor indiano a escrever “sobre as grandes transformações ocorridas na China ao longo das últimas três décadas”, o autor chinês Mo Yan descartou o tema, em um primeiro momento, por ser abrangente demais. A insistência do editor, que chegou em um momento a lhe dizer que ele poderia então escrever o que quisesse, fez com que Mo não conseguisse mais abandonar a ideia.

De fato, a transição da China de um país essencialmente rural para uma economia de mercado, com as profundas transformações sociais que marcaram o país nas últimas décadas, é assunto que domina prateleiras e mais prateleiras das livrarias.

Mesmo assim, em apenas 125 páginas, Mo Yan deu conta do recado. Mudança é pequeno livro sobre grandes temas, abordados sutilmente. Por meio de episódios aparentemente banais de sua infância e adolescência, Mo fala da vida no campo, da transição das aldeias para as cidades, da influência cotidiana do Partido Comunista na vida social e de um país em ebulição.

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[Escritores] Valter Hugo Mãe

Como é possível alguém traduzir nas palavras mais belas certas verdades essenciais que parecem inexplicáveis? Essa é a sensação que fica quando lemos um livro de Valter Hugo Mãe.

Nesta semana, cerca de dois anos depois de conhecê-lo no lançamento de seu romance A Desumanização, eu tive a oportunidade de presenciar mais uma vez a sabedoria desse escritor português nascido em Angola. E acreditem: ouvi-lo é tão bom quanto lê-lo.

Hugo Mãe esteve em São Paulo na última quarta-feira, dia 31, para participar do ciclo de palestras do Fronteiras do Pensamento. Sua relação com a literatura foi o principal tema da conversa, que começou com a leitura do texto Deus era um livro, escrito especialmente para o evento.

Em primeira pessoa, a prosa revela a infância de um menino cujas lembranças literárias mais remotas coincidem com a existência de uma Bíblia em casa. Aquele objeto, tão vivo quanto inanimado, despertava a curiosidade e a imaginação da criança.

Minha avó explicava, “a Bíblia é a esperança… a Escritura sofria”. Lembro-me bem de pensar acerca disso. Durante a profunda atrocidade do mundo, a Bíblia, tão cheia de esperança e tão antiga, sofria. Era um livro magoado. Ela sabia que os erros são cíclicos e que a humanidade aprende pouco. Faz sempre pior do que pode. (…)

Eu imaginava a Bíblia, não a lia. Imaginava. Creio que a frequentava pela sua emanação e não pelo que efetivamente pudesse conter. Fechada na sua história infinita e sagradíssima, eu inventava sua mensagem com todas as forças do meu pensamento, com toda a criatividade de minha ilusão. Enternecia-me com luzes e flores, todas as grandes e pequenas dores, solidões ou fragilidades. Acreditava que ser sagrado vinha de estar atento e proteger.

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“Em seguida se ergueu e chorou, deixando correr sobre as faces lágrmas (…); esse líquido claro , que jorra neste mundo a toda hora e em toda parte, com tanta abundância e tanta amargura que os poetas deram seu nome ao “vale” terreno; esse produto salgado e alcalino das glândulas que o abalo dos nervos, causado por uma dor penetrante, arranca ao nosso corpo e que, como Hans Castorp sabia, continha além disso traços de mucina e albumina.”

Thomas Mann em A Montanha Mágica

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