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[Resenha] Sobre a Beleza

As famílias são microcosmos da sociedade. A escritora inglesa Zadie Smith explora essa ideia, com maestria, ao dar vida aos Belsey, clã que protagoniza seu romance Sobre a Beleza, obra finalista do Man Booker Prize e vencedora do prêmio Orange, de ficção.

Howard Belsey, inglês, branco e professor universitário, é casado há trinta anos com Kiki, uma enfermeira afro-americana. Eles são pais de Jerome, estudante de Brown, Zora, que frequenta a universidade em que o pai leciona, e Levi, um colegial que despreza o ambiente acadêmico de sua família. Já na descrição da casa dos Belsey, em Wellington, na Nova Inglaterra, Smith introduz com sutileza questões raciais e sociais que irão permear toda a narrativa:

A escada em si é um espiral íngreme. Para oferecer distração na descida, foi pendurada nas paredes uma galeria fotográfica da família Belsey (…). Estão dispostos em triunfante e calculada sequência: a tataravó de Kiki, uma escrava doméstica; a bisavó, criada; e depois sua avó, uma enfermeira. Foi a enfermeira Lily que herdou toda essa casa de um benevolente médico branco ao lado do qual trabalhou vinte anos na Flórida. Uma herança dessa escala muda tudo para uma família pobre americana; ela se torna classe média.

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[Divã] Isso que chamamos de festa!

Para acumuladores de livros compulsivos como nós aqui do Achados e Lidos, há um lugar na terra que se assemelha muito ao paraíso: a Festa do Livro da Universidade de São Paulo (USP). O evento acontece todo fim de novembro e já em outubro começamos a nos preparar. Primeiro vem aquela ansiedade com a divulgação das datas. Depois, a espera pelas editoras participantes e, por último, o catálogo que cada uma vai levar para o evento.

São 150 editoras, mas é possível gastar uma pequena fortuna em apenas duas ou três. A Festa acontece desde 1999, sempre organizada pela Edusp, mas só descobri esse maravilhoso evento em 2008, já no segundo ano de faculdade. Eu e a Mari simplesmente não podíamos acreditar quando descobrimos que a USP, entre tantas maravilhas e coisas nem tão legais assim, contava com uma feira de livros com descontos de no mínimo 50%.

De lá para cá, diria que uns 30% da minha biblioteca foi formada nessas datas. Foi por causa da Festa (e da Editora 34, claro) que me apaixonei pelos russos. Foi lá que completei Em Busca do Tempo Perdido, embora até hoje não tenha conseguido passar do terceiro livro da obra-prima de Marcel Proust.

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“Não vemos as coisas como são; vemos as coisas como somos.”

Anaïs Nin em  A Sedução do Minotauro

[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #11

[A Máquina de Fazer Espanhóis] Semana #11

Reta final de A Máquina de Fazer Espanhóis! Nesse último trecho lido, um pouco de suspense deixou no ar a possibilidade de um desfecho com emoções. Quais são os seus palpites? Na próxima semana, concluímos a leitura e nos despedimos de António e do Lar da Feliz Idade.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Desde o início do romance, a narrativa se concentra em alguns moradores do Lar da Feliz Idade. No capítulo 19, Valter Hugo Mãe nos dá a chance de conhecer outros internos. Em uma descrição que António faz do horário do almoço, conhecemos grupinhos de pessoas, que assim como ele, senhor Pereira, Silva da Europa e Esteves, formaram laços de amizade fundamentais para trazer leveza ao dia a dia no asilo.

É interessante a maneira como Hugo Mãe conduz essa descrição. A disposição das mesas no pátio e as observações de António acerca do comportamento alheio lembram muito um ambiente escolar, em que a forma como todos se organizam diz bastante sobre seus hábitos, relacionamentos e a posição que ocupam em determinado grupo social:

o salão de almoço era longo e largo, com mais de quarenta mesas rectangulares, que serviam para um máximo de seis pessoas, e cinco redondas onde, em cada uma, se podiam sentar seis pessoas. Eu sentava-me, desde o primeiro dia, na mesa redonda mais à esquerda.

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