Novos personagens entraram na história e deram ritmo à narrativa. Como será o encontro entre os amigos de Dorian Gray e sua amada? Para a próxima semana, avançamos os capítulos 7 e 8 da leitura de O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, até a página 126, se você tem a edição da foto, da Penguin-Companhia.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

Se até agora flanamos pelos círculos aristocráticos ingleses, chegou a hora de conhecer a realidade das camadas menos favorecidas de então. A eleita de Dorian Gray, Sibyl Vane, é uma atriz humilde cuja mãe só se entusiasma por um bom casamento para filha e cujo irmão, de apenas 16 anos, está partindo para Austrália em busca da ilusória vida de riqueza das colônias.

Sibyl está tão hipnotizada por Dorian quanto ele por ela. Sob o apelido de Príncipe Encantado, ela conta maravilhas do amado à mãe e ao irmão. Tudo que importa à mãe é se o pretendente tem posses. Já ao irmão o romance não parece um bom presságio. O fato de Gray ser um cavalheiro da alta sociedade é o primeiro ponto de irritação para o jovem. Vemos aí uma rusga típica da luta de classes, que ainda não sabemos se Wilde irá explorar:

O jovem dândi que a amava não devia significar nada de bom para ela. Era um cavalheiro, ele o odiava por isso, odiava-o por um instinto de raça peculiar, que não era capaz de compreender, e que, pela mesma razão o dominava ainda mais.

Antes de partir, o irmão de Sibyl deixa claro, mesmo sem conhecer Gray, que não perdoará qualquer deslize que magoe a garota. Inclusive, chega a fazer ameaças, proferidas em alto e bom som. Será que Wilde vai retomar essa ponta solta da narrativa mais para frente?

Enquanto no bairro pobre de Euston Road, Sibyl espalha a notícia do seu amor, no outro lado da cidade, no elegante Bristol, Gray confessa aos amigos Basil e Lord Henry sua paixão e seu precipitado pedido de casamento, não sem receber duras críticas, mais assertivas do lado do pintor e mais debochadas e politicamente incorretas do lado de Lord Henry. Como um bon vivant exemplar, ele não acredita em instituições que pregam o altruísmo. Para ele, no centro do prazer, está o individualismo:

Você sabe que eu não sou um defensor do casamento. A verdadeira desvantagem do casamento é que ele nos torna altruístas. Falta-lhes individualidade. (…) Espero que Dorian Gray faça dessa garota a sua esposa, que a adore apaixonadamente por seis meses, e que depois se sinta subitamente fascinado por alguém outro.

Embora Gray diga não se importar mais com as teorias do amigo – tirar o máximo de prazer da vida, colocando-se no centro, enquanto ainda se conta com a juventude – Lord Henry não acredita que o amigo será capaz de se desvencilhar de sua influência assim tão facilmente:

Sim, Dorian, você sempre vai ter apreço por mim. Eu represento para você todos os pecados que nunca teve coragem de cometer.

Já Basil se preocupa. Não consegue ficar feliz diante da decisão impulsiva do amigo. Quando pintava seu retrato, criou um sentimento de posse em relação a Gray e, agora, com a sucessão de acontecimentos desde o dia em que apresentou o jovem a Lord Henry, tinha nítida a sensação de perda:

Sentia que Dorian Gray jamais seria para ele tudo o que havia sido no passado.

A leitura termina no clímax do encontro iminente entre Sybil e os amigos de Gray. Essa reunião promete ser interessante, com Basil e Lord Henry, cada um a seu modo, tentando jogar um balde de água fria na inocência e impulsividade do casal. O que vocês acham que vem em seguida? Conte aqui nos comentários!

 

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