[Lista] 11 autores latino-americanos que formam uma verdadeira seleção

A estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2018 não foi exatamente o que esperávamos, mas a torcida do Achados & Lidos não desanima. Selecionamos 11 grandes autores latino-americanos que com certeza formam a seleção com a qual todo viciado em literatura sempre sonhou!

Esquecemos alguém? Não deixe de comentar aqui quais craques literários você não deixaria no banco!

O convite para essa lista partiu da Calle 2, revista digital que propõem um novo olhar sobre a América Latina. Para jogar junto com a nossa lista, indicamos essa seleção de escritoras latino-americanas que você também precisa conhecer! Acesse aqui!

Jorge Luis Borges: Se você também sempre imaginou o paraíso como uma espécie de biblioteca, com certeza vai se identificar com esse grande autor argentino. A frase, contida em um poema, foi repetida algumas vezes pelo autor, que durante anos foi diretor da Biblioteca Nacional da Argentina. Para Borges, sua função era uma ironia da vida, já que a assumiu quando sua cegueira estava em estágio avançado, não podendo enxergar o que sempre imaginou como o paraíso na Terra. Além de poeta, Borges também foi um dos mais brilhantes contistas de seu tempo, em textos labirínticos repletos de referências a outras obras célebres. 

Mario Benedetti: Subindo um pouco no mapa, chegamos ao uruguaio Mario Benedetti, considerado um dos grandes autores de seu país, ao lado de Juan Carlos Onetti. Ao longo de sua carreira literária, ele escreveu mais de 80 livros, entre romances, ensaios e contos. Uma de suas obras mais conhecidas é A Trégua, romance no qual Martín Santomé, um viúvo prestes a se aposentar, ganha nova perspectiva ao conhecer uma funcionária do escritório em que trabalha. Ao escolher a forma de diário para esse relato, Benedetti mostra como é possível se redescobrir em qualquer idade, em um relato delicado sobre identidade, solidão e, claro, amor.

Mario Vargas Llosa: Depois de mais de trinta anos, o Peru está de volta a uma Copa do Mundo. Mas, antes disso, eles tiveram outros motivos para comemorar. Mario Vargas Llosa ganhou, em 2010, o Nobel de Literatura. Autor de obras consagradas como Pantaleão e as Visitadoras e Conversa no Catedral, Llosa continua atuante, escrevendo artigos e, mais recentemente, um romance, Cinco Esquinas, resenhado por aqui. Além da carreira literária, Llosa, que começou como militante de esquerda, se aproximou do liberalismo, tendo sido inclusive candidato à Presidência do Peru. Em 2016, esteve no Brasil para participar de uma das palestras promovidas pelo Fronteiras do Pensamento, quando falou bastante de sua atuação política.

Gabriel García Márquez: O pai do realismo mágico jamais poderia ficar de fora de uma lista como essa. Autor de obras-primas como Cem Anos de Solidão e O Amor nos Tempos do Cólera, Gabo reinventou a literatura latino-americana ao incorporar superstições e o ar místico da Colômbia caribenha aos seus livros, mostrando que, por esses lados do mundo, a realidade muitas vezes pode ser mais surreal do que a ficção.

Alejandro Zambra: Autor mais contemporâneo nesta lista, o chileno Alejandro Zambra merece um espaço nesta lista pela delicadeza de sua obra. A cada livro ele nos prova que a literatura não precisa, necessariamente, de volumes caudalosos. Ao optar pela concisão, Zambra escreve de maneira quase poética, se mostrando como um dos grandes talentos de sua geração.

Pablo Neruda: Mais um chileno – e um Nobel – para nossa seleção. O escritor é autor de alguns dos poemas mais lindos da literatura mundial, mas ao longo da vida sua poesia foi se afastando do teor mais lírico para se aproximar de um conteúdo mais político, buscando principalmente engajar a população na luta contra o poder político na região, depois de ter sido perseguido pelo presidente Gabriel González Videla.

No Chile, é possível visitar sua casa, construída em 1953 para Matilde Urutia, sua amante à época. Em homenagem à cabeleira ruiva da amada, Neruda batizou o imóvel com o apelido carinhoso com que a chamava – “La Chascona” , uma expressão local que significa “despenteada”. Localizada aos pés do morro San Cristóbal, no tranquilo bairro Bellavista, La Chascona é repleta de escadas, de onde se tem belos panoramas da capital chilena. No interior, há obras de pintores nacionais e estrangeiros, móveis, objetos de decoração, manuscritos e a medalha do Nobel de Literatura do poeta.

Roberto Bolaño: Nascido no Chile, Bolaño certamente tem a história mais trágica entre os participantes desta lista. Morto em 2003, com apenas 50 anos, o autor deixou em todos a sensação de que ainda havia muito por vir. Suas histórias inusitadas, repletas de metaficção e de referências literárias, com tramas intricadas, lhe renderam a percepção de que era um prodígio literário: o jornal El País elegeu dois de seus romances – Detetives Selvagens e 2666 – entre os três melhores livros em língua espanhola escritos nos últimos vinte e cinco anos.

Octavio Paz: Conhecido por ser um curioso insaciável,  Octávio Paz foi um dos grandes intelectuais mexicanos, autor de poemas, contos e ensaios – entre eles Sor Juana Ines de La Cruz, que recentemente ganhou linda edição pela Ubu. Paz, no entanto, é frequentemente mais lembrado por suas controversas posições políticas, que expunha em artigos para imprensa, da qual era um consumidor voraz: diz a lenda que lia mais de sete jornais por dia.

Carlos Fuentes: Ao lado de Mário Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez e Octávio Paz, Carlos Fuentes compõe o quarteto de artilharia desta seleção latino-americana. Os quatro ficaram conhecidos pelo boom literário da região na década de 60. Sua obra ficcional, composta de 22 romances e nove coletâneas de contos, constitui um vasto panorama da história mexicana, também por meio do realismo mágico que caracterizaria essa geração de autores. Fuentes também se engajou politicamente, especialmente contra o Partido Revolucionário Institucional do México, que governou o país por décadas.

Juan Pablo Villalobos: Outro nome contemporâneo nesta lista, Juan Pablo é autor da trilogia mexicana, formada por Festa no Covil, Se Vivêssemos em um Lugar Normal e Te Vendo um Cachorro, já resenhados por aqui. Nestes romances, o autor propõe uma viagem ao México – por meio de narrativas nada óbvias e uma escrita bastante original.

Leonardo Padura: Para fechar nossa escalação, completamos a lista com o cubano Leonardo Padura. Autor revelado por O Homem que Amava os Cachorros, romance sobre um dos assassinatos mais famosos da história, o de Trótski pelo regime stalinista, Padura conseguiu vencer as resistências da censura cubana para se tornar um autor conhecido mundialmente.

 

Tainara Machado

Tainara Machado

Acredita que a paz interior só pode ser alcançada depois do café da manhã, é refém de livros de capa bonita e não pode ter nas mãos cardápios traduzidos. Formou-se em jornalismo na ECA-USP.
Tainara Machado

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3 Comentários

  1. Adorei a seleção, mas tenho alguns comentários:
    A) Neruda foi perseguido por Pinochet, porque era próximo de Allende. Videla foi um dos ditadores da Argentina.
    B) O “Luiz” de Borges é Luís. Sei que podemos atualizar o nome pós-morte, mas eu deixaria com o “s”.

    Eu indicaria também, nesse time, Cortázar e Sabato. Acho uma injustiça não terem dado o Nobel para qualquer um do trio de ataque: Borges – Cortázar – Sabato. Abraços e parabéns pelo post!

    • Tainara Machado

      19 de junho de 2018 at 21:40

      Olá, David, tudo bem?
      Que bom que você gostou da seleção e obrigada pelos comentários atentos! Adoramos seu trio de ataque! Certamente faria mais bonito do que nossa seleção, mesmo sem Nobel, rs.
      Já corrigimos o Luis de Borges! Desculpe pelo erro e obrigada pela correção!
      Sobre Neruda, cabe um esclarecimento! Ele fez oposição à Pinochet, é verdade, mas por pouco tempo, já que morreu em 1973. Sua luta política foi mais forte contra Gabriel González Videla. Ele foi, inclusive, o presidente que levou Neruda ao exílio e que o levou a escrever Canto Geral. O ditador argentino ao qual você se refere, acredito, é o Jorge Rafael Videla!
      Obrigada e continue sempre por aqui!
      Abs,
      Tainara

      • Oi Tainara! Você tem toda razão. Eu achava que vocês confundiram os ditadores, mas eu estava errado. Peço desculpas!
        Obrigado pela atenção! Abraços!

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