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[Divã] Caçadores de autógrafos

Neste ano, não teve Flip pro Achados. Com o gostinho amargo de quem gostaria de estar lá, eu e Tatá passamos cinco dias tentando superar uma timeline monopolizada por fotos e notícias de Paraty. Não foi fácil, mas sobrevivemos à base de muita leitura e boas lembranças das edições anteriores.

Das barracas de doces às mesas com os autores, a Flip é um conjunto de experiências imperdíveis, principalmente por proporcionar aos apaixonados por literatura a proximidade com os escritores.

Além de poder ouvi-los nas mesas e nos eventos paralelos, ainda temos as famosas filas de autógrafos, um dos meus momentos favoritos! É preciso muita paciência, porque elas podem tomar um bocado de tempo. Meu recorde foi em 2016, quando levei duas horas e meia para conseguir um autógrafo da Nobel de Literatura Svetlana Aleksiévitch. Valeu a pena? Com certeza!

Mas por que será que livros autografados são objetos de desejo para grande parte dos apaixonados por literatura? No meu caso, a resposta é fácil: o autógrafo está ligado à memória. É como ter uma lembrança física de uma experiência agradável.

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[Canção de Ninar] Semana #9

Chegamos ao fim de mais um Clube do Livro do Achados & Lidos! E aí, o que achou deste romance da franco-marroquina Leïla Slimani, Canção de Ninar? Animados com a vinda dela para a Flip deste ano? Na próxima semana, publicaremos, aqui no blog, as impressões dos nossos leitores! Mande sua opinião para nós no e-mail blogachadoselidos@gmail.com ou aqui nos comentários!

Mariane Domingos e Tainara Machado

Por fim, toda escuridão que vinha tomando conta de Louise explode no ato nefasto do início do livro. A babá já não é mais capaz de suportar o peso de sua existência solitária, nem a realidade opressora que a rodeia. Quando se vê encurralada, sem nenhuma perspectiva, ela reage da pior forma, silenciando, com violência, aquele mundo no qual ela não se sente mais acolhida.

Embora Slimani construa uma personagem que, claramente, tem sérios problemas psicológicos, é interessante notar como a autora não deixa escapar o quanto o contexto social contribui para moldar o comportamento humano. Louise é o ponto extremo a que uma situação de injustiça e desigualdade em diversos aspectos pode levar.  

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[Canção de Ninar] Semana #4

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O limite tênue que separa o pessoal do profissional e a invisibilidade social de algumas classes trabalhadoras foram os temas centrais no último trecho lido. Onde parecia haver apenas perfeição começam a surgir fragilidades e tensões preocupantes. Para a próxima semana, avançamos até a página 98, ou capítulo 20.

Mariane Domingos e Tainara Machado

O jantar na casa de Myriam e Paul, para o qual Louise é convidada, é um episódio emblemático. A partir de cenas e diálogos sutis, a autora Leïla Slimani carrega a narrativa de significados sociais.

A insistência dos patrões para que a babá participe da celebração, não apenas como cozinheira, mas como convidada, parece, à primeira vista, uma grande gentileza, uma boa forma de reconhecimento. Não demora muito, no entanto, para que o leitor se coloque na pele de Louise e perceba a farsa. A tentativa do casal de incluí-la soa forçada e busca muito mais apaziguar a consciência dos dois, que de algum modo sabiam que a subvalorizavam, do que realmente reconhecer o trabalho da babá. Louise não se sente à vontade, porque, a despeito do clima de festa e de sua condição de “convidada”, aquele ambiente, em nenhum momento, deixou de ser seu ambiente de trabalho:

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[Divã] Histórias da Flip, parte 2

Ela sobe ao palco. É magra, jovem, de vestido com miúdas estampas animais e cabelo curto. Sua figura não nos prepara e nem antecipa a potência do discurso que vem a seguir. A poeta pernambucana Adelaide Ivánova participou da série Fruto Estranho, que convidou autores a fazer intervenções  e performances antes de seis mesas da programação do Auditório  da Matriz, uma das novidades, da Flip  (Festa Literária Internacional de Paraty) de 2017. Seu texto começou assim:

O problema não é que as pessoas lembrem por meio de fotos, mas que só se lembrem das fotos. Lembrar, cada vez mais, não é recordar a história, e sim ser capaz de evocar uma imagem.

Na foto preto e branco, o corpo de Angela Diniz está de bruços, descalço, de blusa e meia calça, sem a parte de baixo da roupa. Sangue na altura da cabeça. Angela Diniz foi assassinada em 1976 pelo namorado, com três tiros no  rosto e um na nuca.

A foto do corpo de Angela está online.

Ivánova prosseguiu em voz firme, por pouco mais de dez minutos, a relatar minuciosamente feminicídios que ocorreram há poucos ou muito anos, durante o período democrático ou na ditadura, casos célebres e mortes esquecidas pela imprensa, sempre nos lembrando que as fotos desses corpos estão online.

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“Casar, para ela, não era negócio de paixão, nem se inseria no sentimento ou nos sentidos; era uma ideia, uma pura ideia. Aquela sua inteligência rudimentar tinha separado da ideia de casar o amor, o prazer dos sentidos, uma tal ou qual liberdade, a maternidade, até o noivo. Desde menina, ouvida a mamãe dizer: ‘aprenda a fazer isso, porque quando você se casar’ (…) – e a menina foi se convencendo de que toda a existência tendia para o casamento.”

 

Lima Barreto em
Triste Fim de Policarpo  Quaresma

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