Tag: machado de assis (página 3 de 3)

[Lista] 5 contos inesquecíveis

Quem pensa que contos são um gênero menor, ou menos importante, da literatura está redondamente enganado. Há desafio maior do que construir personagens complexos, um bom enredo e ainda deixar aquele ar de mistério em apenas umas poucas páginas? Para provar que escrever contos não é brincadeira, selecionamos cinco obras inesqueciveis de grandes autores da literatura brasileira e mundial. E você? Tem um conto preferido? Conte para a gente nos comentários!

1. A Sauna, de Lygia Fagundes Telles: Uma das mais importantes escritoras brasileiras é também uma grande contista. Neste texto, publicado em uma coletânea pela Companhia das Letras, um pintor em meio a um bloqueio critativo vai à sauna, onde trava um intenso diálogo interior sobre sua vida amorosa e artística. Ao relembrar conversas com a atual mulher, Marina, o pintor também tenta justificar para si próprio suas atitudes com Rosa, uma mulher inocente e ingênua, para quem ele prometeu uma vida e entregou um vazio.

O fluxo de consciência de um personagem no mínimo desprezível faz desse um dos melhores contos de Seminário dos Ratos (já teve resenha aqui).

Leia mais

Orgulho brasileiro

Na última quinta-feira, compartilhamos, em nossa página no Facebook, uma notícia sobre a escritora britânica Ann Morgan, que se desafiou a ler, em um ano, um livro de cada país do mundo. No dia seguinte, tiveram início os Jogos Olímpicos, competição esportiva entre nações, famosa por instigar o orgulho de pertencer. Tudo isso me fez pensar sobre minha relação com a literatura brasileira.

Me peguei imaginando quais títulos eu indicaria a Morgan, para que ela visse o crème de la crème de nossa produção literária, ou quais escritores compatriotas despontariam no meu quadro de medalhas. Vários nomes me passaram pela cabeça, mas também percebi, com um misto de vergonha e tristeza, uma defasagem de representantes brasileiros contemporâneos em minha lista de achados e lidos.

Indicar clássicos brasileiros não é difícil. Quem lê meus posts por aqui sabe da minha paixão por Machado de Assis, por exemplo. A biblioteca da minha escola era predominantemente de literatura nacional. Quem se lembra da Série Bom Livro, da Editora Ática? Ela fez parte da minha adolescência e construiu minhas primeiras memórias de leituras de alta qualidade. Desde os romances água com (muito!) açúcar de Joaquim Manuel de Almeida e José de Alencar até as incomparáveis obras machadianas. Eu, que estava acostumada à estrutura narrativa tradicional, com heróis e anti-heróis, de repente sou apresentada ao defunto autor, de Memórias Póstumas de Brás Cubas. Imaginem meu encantamento diante da originalidade desse escritor:

Algum tempo hesitei se devia abrir estas Memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo.

Leia mais

[Lista] 5 personagens queridos

Sabe aquele personagem que deixa saudade quando a leitura termina? Ou que dá vontade de conhecer, abraçar e conversar? Ou ainda que parece tão real, que você tem até um rosto bem definido e uma voz para ele? Hoje é dia de personagens queridos na Lista da Semana!

1. Jean Valjean: já comentei em um Leitor no Divã aqui no blog que uma das minhas maiores dificuldades na leitura de Os Miseráveis surgiu depois que terminei o livro. Não conseguia me desapegar do personagem Jean Valjean. Como o próprio título antecipa, o clássico romance de Victor Hugo não trata de histórias de vida fáceis ou tranquilas. Ele fala de gente miserável, que sofre de tudo e mais um pouco. Jean Valjean é um deles. Quando parece que sua vida vai entrar nos eixos e ele irá aproveitar a paz que merece, acontece outra desgraça. A força, a persistência e a generosidade do personagem diante das rasteiras que a vida lhe dá cativam qualquer leitor. Uma das partes mais bonitas (e longas) do livro é talvez a mais representativa de quem é Jean Valjean. Estou falando do trecho em que ele foge pelos esgotos de Paris, carregando, nas costas, o futuro genro gravemente ferido. Como se não bastasse, encontra todos os tipos de perigo pelo caminho. É ou não é um super-herói? <3

2. Helena: eu sou fã de carteirinha de Machado de Assis. Para mim, ele é gênio da literatura mundial. Helena está longe de ser seu melhor ou mais conhecido romance, mas é um dos meus preferidos. Já perdi a conta de quantas vezes o li. Passei a gostar do nome Helena por causa desse livro. Tenho um carinho especial pela edição antiga da Ática, da Série Bom Livro, bem comum em colégios por sua organização didática. O que me atraiu nessa edição, e me fez escolher o livro na biblioteca da escola, foi a ilustração de uma mulher belíssima na capa, de olhar forte, contrastando com uma roupa delicada e uma flor em suas mãos. De cara, gostei daquela Helena.

A obra representa a transição da fase romântica para a fase realista de Machado. Ainda há resquícios de história água com açúcar, típica do modelo de romance romântico. Mas a escrita inteligente de Machado, sobretudo nas análises ácidas dos costumes, sociedade e política da época, não deixa o livro cair em estereótipos. O mistério que envolve a personagem Helena equilibra um pouco a posição de vítima em que ela é colocada, tornando-a uma personagem interessante. Ela é o símbolo de uma opinião muito clara de Machado, que aparece em outros livros do escritor: o mundo e as regras da vida em sociedade são impiedosas com os desfavorecidos e genuínos. Quem se sobressai são os hipócritas, que vivem e defendem um mundo de aparência e de poder. Helena não tem a força para vencer esse cenário desfavorável, mas ainda assim é uma personagem memorável.

Leia mais

Post mais recentes

© 2024 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑