Mês: (página 3 de 4)

[Nossa Senhora do Nilo] Semana #9

O final de Nossa Senhora do Nilo escancara o ódio que ficou implícito ao longo de todo o romance. Terminamos a leitura com um nó na garganta, apreensivos principalmente porque sabemos o final dessa história, que em nada lembra a sutileza do texto de Scholastique Mukasonga. Agradecemos a companhia de todos por aqui e esperamos seus comentários sobre a leitura! Na próxima semana, publicaremos as impressões dos nossos leitores. Para participar é só escrever para blogachadoselidos@gmail.com ou deixar sua avaliação aqui embaixo!

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

A violência rondou toda narrativa de Nossa Senhora do Nilo. Ela estava ali, à espreita, em cada episódio relatado. As atitudes e falas cotidianas das garotas do liceu já anunciavam o desfecho trágico.

É interessante como Mukasonga retorna, no fim da narrativa, aos elementos que compuseram seu início. Os preparativos para a instalação da nova imagem da santa lembram o primeiro capítulo, em que outra configuração social, com os tutsis no poder, presencia o mesmo espetáculo. A santa muda, os espectadores mudam, mas a sede pelo poder, impregnada na cena que se repete, é a mesma. É um ciclo, em que os dominantes se alteram, mas a necessidade de subjugação permanece.

Leia mais

[Resenha] A Trégua

Em É Isto Um Homem (que a Mari já resenhou aqui), o autor italiano Primo Levi encerra seu relato sobre os oito meses que  passou como prisioneiro no campo de concentração de Auschwitz com a morte de um de seus companheiros de enfermaria, Sómogyi, e a chegada dos russos. As duas últimas frases guardam um tom razoavelmente otimista, que contrasta com a dureza do restante do relato:

Arthur reuniu-se alegremente com a sua família e Charles recomeçou a ensinar; já trocamos longas cartas. Espero poder revê-los um dia.

Levi retoma esse desfecho em A Trégua, uma narrativa igualmente dolorida de uma história menos conhecida sobre a Segunda Guerra Mundial: o difícil retorno dos prisioneiros dos campos de concentração para casa.

Leia mais

[Lista] 5 dicas de leitura para um feriado

Feriado prolongado é sinônimo de muita leitura! Esta lista é para você que está procurando dicas do que levar na mala ou uma companhia para dias tranquilos em casa. Do clássico ao contemporâneo, da poesia ao romance, temos opções para todos os gostos.

1. A Dama do Cachorrinho e Outros Contos, de A. P. Tchekhov: o mestre russo Tchekhov – diferente de seus compatriotas Tolstói e Dostoiévski, que confirmaram seu talento em longas novelas – dominava a arte dos contos. Sua narrativa concentra os grandes problemas humanos e o desencanto que é estar no mundo em textos breves, densos de significados e dotados de uma força extraordinária.

Nessa coletânea, estão 36 de seus melhores contos, traduzidos, nessa versão da Editora 34, diretamente do russo por Boris Schnaiderman. “A Dama do Cachorrinho”, que dá título ao livro, é o meu favorito e conta a história de um caso de adultério entre um banqueiro russo e uma jovem que ele conhece durante as férias:

Uma experiência variada, realmente amarga, ensinara-lhe, havia muito, que toda aproximação, a qual constitui a princípio uma variação tão agradável na vida e apresenta-se como uma aventura ligeira e aprazível, converte-se invariavelmente, em se tratando de pessoas corretas, especialmente moscovitas, indecisas e pouco dinâmicas, num verdadeiro problema, extraordinariamente complexo, e a situação, por fim, torna-se verdadeiramente difícil. Mas, a cada novo encontro com uma mulher interessante, essa experiência escapava-lhe da memória, vinha-lhe uma vontade de viver, e tudo parecia simples e divertido.

Leia mais

“Oh! Nenhum mortal poderia suportar o horror daquele semblante. Uma múmia ressuscitada não seria  tão medonha quanto aquele infeliz. Contemplei-o quando ainda não estava terminado; na ocasião, era feio, mas  quando seus músculos e suas articulações foram capazes de se mover, tornou-se uma coisa tão horrenda que nem Dante poderia tê-la concebido.”

Mary Shelley em Frankenstein

[Nossa Senhora do Nilo] Semana #8

Como o ódio se espalha e se impregna em uma sociedade? No último capítulo de Nossa Senhora do Nilo, Scholastique Mukasonga relata uma história que nos lembra a velha máxima da propaganda nazista: uma mentira dita mil vezes torna-se realidade. Na próxima semana, encerramos  mais um Clube do Livro do Achados e Lidos, com a leitura do último capítulo de Nossa Senhora do Nilo.

Por Mariane Domingos e Tainara Machado

As tensões sociais e disseminação de ódio que podem levar uma sociedade a entrar em guerra civil, virtualmente eliminando toda uma população, parecem inconcebíveis, à distância. Em Nossa Senhora do Nilo, no microcosmo do liceu, contudo, Scholastique Mukasonga revela, por meio de um episódio aparentemente banal, qual era o contexto social que possibilitou, 30 anos mais tarde, o genocídio de mais de 800 mil tutsis, no início da década de 90.

Leia mais

Posts mais antigos Post mais recentes

© 2024 Achados & Lidos

Desenvolvido por Stephany TiveronInício ↑